Associação de Estudantes no Estrangeiro diz que último ano é igual em toda a Europa
A Associação Nacional de Estudantes de Medicina no Estrangeiro diz que o último ano do curso é igual em toda a Europa e acusa a ministra da Saúde de recuar ao afirmar ser "muito difícil" estes alunos terminarem a formação em Portugal.
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"Parece um recuo claro das palavras de há um ano que a senhora ministra proferiu", disse à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina no Estrangeiro (ANEME), Francisco Pavão.
A ministra da Saúde, Ana Jorge, admitiu à Lusa que "é muito difícil" que os mais de mil estudantes portugueses de medicina espalhados pela Europa possam completar o último ano do curso em Portugal, estando outras hipóteses em aberto.
"Havia a possibilidade de o último ano poder ser feito em Portugal, essa foi uma hipótese colocada em cima da mesa. É muito difícil esta concretização, nomeadamente porque o programa de curso feito nas diferentes universidades não é de todo coincidente", disse a ministra.
Francisco Pavão adiantou que "hoje em dia na Europa o 6.º ano chama-se o ano profissionalizante", sendo igual em todas as faculdades europeias.
"Os estudantes de medicina na Europa têm todos as mesmas cadeiras, a única diferença é que há faculdades que obrigam a ter exames a umas disciplinas e outras não", sustentou.
Ana Jorge referiu também que "há neste momento em cima da mesa uma outra hipótese com melhor probabilidade", que passa pela abertura de mais vagas anualmente para os alunos que estão fora.
Mas o presidente da ANEME argumentou que "são poucas" as faculdades de medicina portuguesas que abrem vagas anualmente para transferência.
"Abrem duas ou três vagas que podem ser ocupadas por alunos portugueses que estudam no estrangeiro ou por alunos estrangeiros", acrescentou.
Francisco Pavão disse também que a associação já apresentou ao Ministério da Saúde a proposta sobre o regresso dos estudantes de medicina a Portugal, que, na sua opinião, terá de ser "justo" e "com critérios de igualdade para aqueles que estão cá".
A ANEME defende que os portugueses a estudar medicina na Europa deviam poder ingressar nas faculdades nacionais a partir do terceiro ano, quando se conclui o primeiro ciclo de Bolonha.
Francisco Pavão esclareceu que esse regresso pode acontecer no terceiro, quarto, quinto ou sexto ano: "Os estudantes poderiam candidatar-se aos concursos especiais de acesso que existem nas faculdades de medicina em Portugal. Mas aquilo a que se tem assistido é que estes alunos têm tido imensas dificuldades nos processos de candidatura, com as universidades a recusar as candidaturas", salientou.
De acordo com a ANEME, a maioria dos cerca de 1300 alunos portugueses de medicina no estrangeiro estão em Espanha e na República Checa e o número de estudantes tem aumentado nos últimos seis anos.
A ANEME organiza hoje o seu segundo encontro, evento que se realiza na Ordem dos Médicos, em Lisboa, e conta com a presença da ministra da Saúde.