O PS acusou esta quinta-feira o Governo de pôr em causa o crescimento económico do país com o anúncio de aumento de impostos, assim como o "pacto de confiança" pedido pelo primeiro-ministro no seu discurso de tomada de posse.
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"Creio que o crescimento económico teve hoje aqui o seu primeiro obstáculo, com o aumento de impostos sobre os rendimentos e sobre o consumo", afirmou o deputado socialista Basílio Horta.
O antigo presidente da AICEP e cabeça de lista do PS por Leiria nas últimas legislativas, que falava durante o debate do Programa do Governo, na Assembleia da República, disse ter aguardado pelo Programa do Governo "com grande expectativa", mas que esta saiu "em larga medida defraudada".
Sobre o "pacto de confiança" referido por Pedro Passos Coelho na tomada de posse, Basílio disse que "não chega falar" e que "é necessário construí-lo com verdade e transparência".
"Se este é o critério, estamos conversados", disse, em tom crítico, acrescentando não ter ouvido "uma só vez" durante a campanha eleitoral um anúncio de aumento de impostos.
"Pelo contrário, lembro-me do agora senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros dizer com clareza que jamais poderia votar aumentos de impostos", afirmou Basílio Horta, um dos fundadores do CDS-PP, referindo-se a Paulo Portas.
Neste contexto, Basílio Horta lembrou com ironia um "apelo" feito por Cavaco Silva: "O senhor Presidente da República disse que já eram demais os sacrifícios pedidos aos portugueses. Quase que me atrevia a perguntar se o senhor primeiro-ministro comunicou ao senhor Presidente da República esta intervenção que ia fazer na Assembleia da República".
No mesmo tom crítico, Basílio Horta comentou ainda aquela que foi a primeira intervenção pública do novo ministro de Estado e das Finanças, durante o debate do Programa do Governo.
"O senhor ministro liga o crescimento económico às privatizações e à União Europeia e à entrada de capital europeu em Portugal, imagino, em sítios onde estava o Estado. Eu prefiro falar nas empresas portuguesas, nos trabalhadores portugueses, e confiar mais neles do que no capital estrangeiro, mesmo que europeu", contrapôs.
O deputado do PS deixou ainda um aviso ao novo ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, assinalando que, com as medidas propostas pelo executivo no plano laboral e de rescisões por mútuo acordo, o "pacto de confiança" pedido pelo primeiro-ministro pode estar em causa.
"É muito provável que, na concertação social, os trabalhadores não estejam dispostos a assinar por baixo este tipo de regime", disse.
Por outro lado, o deputado do CDS-PP Telmo Correia teceu rasgados elogios ao novo executivo, afirmando que "a base do Programa do Governo é a verdade, a verdade toda e não conjunto de ilusões vendido ao país".
Com este Governo, disse Telmo Correia, "não se usa a desgraça do mundo para se justificar o que não se faz" no país.
"Assumimos a necessidade absoluta de reformar Portugal para que aconteça o que acontecer lá fora, o que quer que aconteça na Europa, sermos respeitados", acrescentou, pedindo ao Governo que "não perca tempo".