Bloco diz que declarações Cavaco deixam antever que "tirou o pé da fé na maioria"
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda considerou, esta quarta-feira, que as recentes declarações do Presidente da República deixam antever que "tirou o pé da fé na maioria", notando o silêncio do PSD e CDS-PP sobre os alertas de Cavaco Silva.
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Numa declaração política no plenário da Assembleia da República, o líder parlamentar do BE, Luís Fazenda, recordou recentes intervenções do chefe de Estado sobre as medidas de austeridade e a necessidade da economia começar a recuperar, sublinhando que Cavaco Silva parece ter perdido a "fé" na maioria.
"O Presidente da República já não está nessa. Vem dizer claramente que se as pessoas não virem que há condições de crescimento económico, estes planos são todos debalde", referiu Luís Fazenda, depois de ter afirmado claramente que as palavras de Cavaco Silva deixam antever que "tirou o pé da fé da maioria".
Luís Fazenda destacou igualmente as declarações de Cavaco Silva sobre a existência de "limites" para os sacrifícios que são impostos aos portugueses, considerando que "os limites foram há muito ultrapassados".
Dirigindo-se para as bancadas do PSD e do CDS-PP, o líder parlamentar do BE notou a forma como "a maioria fica silenciosa quando o Presidente da República fala acerca destas matérias", frisando que os alertas do chefe de Estado "mereciam uma palavra da maioria".
Antes, também numa declaração política, o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares tinha também assinalado o facto de ninguém da bancada da maioria se levantar para justificar as medidas propostas pelo Governo no Orçamento do Estado (OE) para 2012.
"Não são capazes de encontrar argumentos para o fazer", considerou Bernardino Soares, que na sua intervenção tinha renovado as críticas ao OE.
"Este orçamento será a causa da falência económica do país", sublinhou.
Na resposta à intervenção do líder parlamentar do PCP, o deputado do PS Pedro Marques atacou as bancadas mais à esquerda, questionando "se foi para isto que chumbaram o PEC IV".
Responsabilizando PCP e BE pela chegada da direita ao Governo, dirigiu-se depois para as bancadas do PSD e do CDS-PP, criticando o "orçamento preguiçoso" que entregaram na Assembleia da República e que, depois do corte de metade do subsídio de Natal deste ano, aposta em mais um "aumento de impostos encapotado", mas "só para alguns".
"É um orçamento que não tem uma medida consistente para o crescimento da economia", disse ainda.
"Foi a isto que nos trouxeram", argumentou o deputado socialista, voltando a falar para as bancadas do BE e do PCP.