O Bloco de Esquerda considerou esta sexta-feira que a renegociação da descida dos juros da ajuda financeira externa a Portugal "vai ser muito mais difícil", numa altura em que o País "estará mais acossado pelos mercados financeiros".
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O BE reagia à Agência Lusa, através da deputada Ana Drago, ao anúncio feito esta sexta-feira pela agência de notação financeira Standard & Poor's do corte do 'rating' de Portugal em dois níveis, de BBB- para BB, passando assim a nota para um nível já considerado 'lixo'('junk'), tal como o havia feito as agências Moody's e Fitch.
"Passos Coelho [primeiro-ministro] deveria ter aproveitado tempos anteriores para fazer uma renegociação dos juros das 'tranches' de dinheiro que têm chegado a Portugal, e que são muito elevados", afirmou Ana Drago, sustentando que "agora vai ser muito mais difícil renegociar a descida dos juros num contexto em que Portugal estará muito mais acossado pelos mercados financeiros".
Para a parlamentar bloquista, "é preciso criar instrumentos políticos que permitam combater aquilo que tem sido a especulação financeira nos últimos dois anos, que tem conduzido à recessão económica, a dificuldades no espaço europeu".
Ana Drago defende "uma actuação do Banco Central Europeu que permita contrapor uma abordagem política de países democráticos aos mercados financeiros, que têm os seus interesse especulativos de lucro".
Além de Portugal, França e Áustria sofreram um corte de um nível pela Standard & Poor's, perdendo o seu estatuto de países com 'rating' máximo de todas as agências.
Portugal, Espanha, Itália e Chipre sofrem um corte em dois níveis, enquanto Eslováquia, Malta e Eslovénia um corte em um nível.
Ao todo, a Standard & Poor's desceu, esta sexta-feira, o 'rating' a nove países da Zona Euro.
A agência justifica o corte com a opinião de que as decisões tomadas pelos líderes europeus nas últimas semanas "podem ser insuficientes" para responder aos problemas sistémicos na Zona Euro.
Com este corte, os bancos que tenham nas suas carteiras dívida soberana portuguesa ficam novamente dependentes da agência canadiana DBRS, que mantém ainda a notação financeira de Portugal em BBB (último nível antes de ser considerada 'lixo'), para manter o valor destes títulos em operações de cedência de liquidez do Banco Central Europeu.
Caso a agência canadiana corte mais a nota atribuída à dívida portuguesa, as obrigações portuguesas que são utilizadas como activos de garantia (colaterais) passam a valer menos, tendo os seus utilizadores de providenciar mais activos.