O ex-secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, criticou, este sábado, "destacadas figuras do Partido Socialista" por "credibilizarem" o líder do CDS-PP e ministro Paulo Portas, que acusou de "encenar falsas alternativas para se manter no poder".
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Intervindo na sessão de abertura do Congresso Democrático das Alternativas, que decorre no Fórum Lisboa e do qual é promotor, Carvalho da Silva acusou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de "fazer uma encenação" quando se afirmou publicamente contra a criação de mais uma taxa sobre as pensões, anunciada pelo primeiro-ministro.
Na opinião de Carvalho da Silva, o presidente do CDS-PP estaria apenas a "tentar ganhar espaço e a preparar-se para continuar a servir o interesse nacional, ou seja, para manter-se no poder para jogar influências, alimentar compadrios e trocas de interesses".
"Temos que denunciar isto, não permitir credibilidade a estas encenações que se podem tornar em falsas alternativas", apelou, criticando em seguida "destacadas figuras do Partido Socialista e outras", que não nomeou, por "andarem por aí a credibilizar Portas e o seu CDS-PP como intérpretes de um verdadeiro programa democrata-cristão".
"Não se entende mesmo. A coisa só se compreende porque a social-democracia dessas personalidades também está há muito submetida ao neoliberalismo", considerou.
Carvalho da Silva, atualmente professor no Centro de Estudos Sociais, admitiu que a democracia cristã e a social-democracia "tiveram o seu papel" na construção de "algumas componentes do projeto europeu". No entanto, "não se pode esconder que hoje não há partidos democratas-cristãos com programas democratas-cristãos", acrescentou.
Logo no início da sua intervenção de abertura, Carvalho da Silva sustentou que o Governo PSD/CDS-PP se porta "como um Governo de ocupação que rouba descaradamente ao comum dos portugueses para proteger e servir os interesses dos ocupantes".
O ex-secretário-geral da CGTP voltou a criticar o presidente da República, Cavaco Silva, afirmando que "dá cobertura" a um Governo "que já não tem legitimidade de facto".
"A cobertura que vem dando a um Governo que perdeu a confiança dos eleitores e a legitimidade democrática de facto está a conduzir que se torne normal uma governação autoritária de afrontamento às leis onde os ministros e os secretários de Estado se comportam como pequenos ditadores", criticou.
Carvalho da Silva apelou aos participantes no Congresso para que "contribuam para a construção de uma base programática de alternativa à austeridade" e para que combatam os despedimentos na função pública e os cortes nas pensões, medidas que "em muitos aspetos contra a própria Constituição da República".
Sob o lema "Vencer a crise com o Estado Social", o Congresso Democrático das Alternativas reúne no Fórum Lisboa centenas de participantes da área da esquerda, entre deputados do BE, do PS, sindicalistas, entre outros.