<p>O presidente da República recusou comentar o diploma do Governo que vai permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, salientando que está mais preocupado com os elevados níveis de desemprego e com a situação económica do país.</p>
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Questionado sobre como está a acompanhar o processo de aprovação das alterações ao Código Civil que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, Cavaco Silva afirmou ter outras prioridades. "A minha atenção está noutros problemas, no desemprego do país, no endividamento, no desequilíbrio das contas públicas, na falta de produtividade e de competitividade do nosso país".
Acrescentou ainda que está empenhado na união dos portugueses, pois só assim Portugal conseguirá uma rápida recuperação económica. "Eu procuro empenhar-me fortemente na união dos portugueses e nada fazer que provoque fracturas na sociedade e isto porque eu sei muito bem, até como economista, que apenas através da união dos portugueses nós conseguiremos uma mais rápida recuperação económica e criação de emprego".
Interrogado se, então, o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é para si uma prioridade, o presidente da República reiterou que é com os "quinhentos e muitos mil" desempregados que está preocupado.
As alterações ao Código Civil que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo foram aprovadas na quinta-feira pelo Conselho de Ministros.
O presidente da República disse ainda que está acompanhar de "muito perto" a situação do país nos mais variados domínios, mas recusou deixar-se "arrastar" para "combates de natureza político- -partidária".
Interrogado sobre os apelos para uma intervenção sua em caso do ambiente de conflitualidade entre Governo e Oposição continuar, Cavaco não respondeu directamente, mas lembrou que o chefe de Estado tem competências específicas, diferentes daquelas que são confiadas ao Governo.
"Já no outro dia tive ocasião de falar sobre aquilo que são as competências do presidente da República e na esperança que eu coloco nos entendimentos entre forças políticas na Assembleia".
Voltou a recusar entrar em lutas partidárias: "O presidente da República deve deixar ao Governo aquilo que é da sua exclusiva competência e deve deixar à Oposição aquelas actividades que lhe são próprias e não procurar interferir, não deixar arrastar-se para combates de natureza político-partidária".