Presidente da República, primeiro--ministro e ministro do Ambiente e da Administração Interna deslocaram-se ao local da tragédia. Cavaco optou por não prestar declarações e Sócrates afirmou-se impressionado com o sucedido.
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Cavaco Silva foi aquilo a que se pode chamar um estadista pronto-socorro. O presidente da República, que se encontra neste momento a gozar férias no Algarve - onde tem uma casa, bem juntinho à praia, também no concelho de Albufeira - chegou ao local do acidente quase ao mesmo tempo dos meios de socorro. Num registo de grande discrição, o chefe de Estado inteirou-se do andamento dos trabalhos no recolhimento do bar da praia Maria Luísa, não prestou declarações e saiu bem a tempo de não se cruzar com o primeiro--ministro José Sócrates. O chefe do Governo, esse, foi obrigado a realinhar a agenda por força dos acontecimentos e a inauguração de uma escola-estandarte do plano tecnológico, no Algarve, teve de ficar para outra ocasião.
"Vim aqui demonstrar a solidariedade do Governo", começou por afirmar o primeiro-ministro, numa conferência de Imprensa improvisada na areia. "É um acidente que me impressiona muito", continuou Sócrates, expressando palavras de solidariedade para com as vítimas e seus familiares. Aliás, o primeiro-ministro deslocou-se mais tarde ao centro de saúde de Albufeira e ao Hospital de Faro para inteirar-se do estado de saúde dos sinistrados. Sobre o que poderia ter sido feito para evitar a tragédia, foi parco: "Esta é uma ameaça que é vigiada pelas autoridades".
O frenesim dos carros pretos continuou, em escala decrescente em matéria de relevância de Estado. Ao local acorreu, de seguida, Nunes Correia, ministro do Ambiente, que ficou até ao princípio da noite, multiplicando-se em declarações.
Quem também não faltou foi o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, mais discreto. Limitou-se a olhar de perto os operacionais que iam informando o país sobre o decurso das buscas e endereçou, à chegada, palavras de solidariedade para com as famílias e elogiou o trabalho da Protecção Civil e dos bombeiros, que "actuaram com rapidez, prontidão e muita competência". Ao briefing das 19.30 horas só assistiu Nunes Correia.