Centenas de militares começaram, cerca das 15.40 horas, a desfilar entre o Rossio e a Praça do Comércio, em Lisboa, com destino ao Ministério das Finanças, numa manifestação silenciosa, em que as palavras de ordem surgem apenas em faixas e cartazes.
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À frente da manifestação, que desce a Rua do Ouro, estão os presidentes das três associações que convocaram o protesto: Associação Nacional de Sargentos (ANS), Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e Associação de Praças (AP), que empunham uma faixa com os emblemas das três associações.
Outras palavras de ordem, expressas em cartazes empunhados pelos manifestantes, são: "Dignificação da condição militar", "Redução de efectivos + congelamentos = desarticulação das Forças Armadas", "Não à descaracterização da instituição militar" ou "Não à destruição da saúde e condição militar".
Nos cartazes pode ainda ler-se: "Estas políticas destroem a condição militar - Combate-as" e "Amnistia aos militares castigados por delito de opinião".
A manifestação foi convocada como protesto contra a degradação das condições dos militares.
Vasco Lourenço presente
O capitão de Abril Vasco Lourenço juntou-se à manifestação "para protestar contra a degradação da condição militar, mas também como cidadão, por causa do estado a que o País chegou".
"A instituição Forças Armadas tem vindo a degradar-se há vários anos e a situação está a atingir pontos totalmente inaceitáveis", disse à agência. "Há que fazer um protesto forte", afirmou.
Para o militar, "o Governo serve-se das Forças Armadas como único instrumento para intervir na política externa, mas tem vindo a degradar a instituição". E exemplificou com o caso dos líbios que fizeram parte da resistência ao regime de Kadafi e que se encontram em Portugal para serem tratados, estando a ser assistidos no Hospital das Forças Armadas.
Por outro lado, acrescentou, o Executivo "está a tentar resolver a crise com medidas inaceitáveis, que estão a colocar portugueses contra portugueses". No entanto, Vasco Lourenço demarcou-se das declarações de outro capitão de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, que esta semana defendeu que "ultrapassados os limites", os militares devem "fazer uma operação militar e derrubar o Governo".