<p>O ministro da Saúde do governo de Cavaco Silva (PSD) entre 1993 e 1995, Paulo Mendo, afirmou hoje, sexta-feira, que o corte na despesa do Ministério da Saúde "é um erro lamentável", que os portugueses vão pagar "a preços inconcebíveis".</p>
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Segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2011, o Ministério da Saúde lidera os cortes na despesa consolidada, com um decréscimo de 12,8 por cento, dos 9.818 para os 8.563 milhões de euros.
Para o antigo ministro da Saúde, que falou à Lusa em Almada, à margem do III Encontro Nacional de Voluntários da Liga de Amigos do Hospital Garcia de Orta, estes cortes são "um erro lamentável".
Paulo Mendo defendeu que as medidas de austeridade impostas ao Ministério da Saúde "tiram dinheiro ao Serviço Nacional de Saúde, fazendo aquilo que as famílias fazem, e que nós criticamos: pedir dinheiro emprestado para pagar um empréstimo e para depois pedir mais dinheiro emprestado".
O médico afirmou ainda que "a Saúde é mal interpretada quando é vista do lado da despesa e não do lado do investimento": "Com estes cortes, a Saúde vai degradar-se no domínio dos equipamentos, do funcionamento, da tecnologia, do próprio conforto dos utentes".
E isto, acrescentou, "vai ser pago por todos os portugueses a preços inconcebíveis".
Paulo Mendo usou ainda o exemplo do Reino Unido -- que, disse, "apesar dos cortes enormes anunciados, poupou a Saúde e a Educação" --, para sublinhar que há Ministérios em que, mesmo em tempo de crise, é preciso investir.