Estado prevê gastar seis milhões de euros até 2013 com novos salários dos enfermeiros
<p>O Estado vai gastar seis milhões de euros no próximo triénio (2011-2013) com a decisão de atribuir aos enfermeiros em início de carreira um salário de 1200 euros em vez de 1020, segundo uma estimativa hoje, terça-feira, avançada pelo secretário de Estado da Administração Pública.</p>
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Gonçalo Castilho, em representação do Ministério das Finanças, falava numa conferência de Imprensa no Ministério da Saúde, em que a ministra Ana Jorge e o coordenador do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) confirmaram que, apesar de ter havido evolução nas negociações, não houve acordo quanto à definição da tabela remuneratória dos enfermeiros, rácios dos enfermeiros principais e remuneração das chefias e direcções de enfermagem.
Em contrapartida, foi assinado um anexo de entendimento quanto a príncípios relativos à avaliação de desempenho, organização e duração do tempo de trabalho, organização do tempo de enfermagem e recrutamento na carreira, que enquadram a próxima etapa negocial.
Quanto à estimativa de seis milhões de euros no próximo triénio para contemplar o pagamento de 1200 euros aos enfermeiros em início de carreira, Gonçalo Castilho considerou que se trata de um valor "orçamentalmente sustentável", já que se trata de um "acerto gradual" e com um peso "bastante relativo" num sector que mexe com milhares de milhões de euros.
Assim, os enfermeiros em início de carreira, em vez de receberem 1020 euros por mês, vão passar a receber de uma forma faseada 1200 euros, o que corresponde a um aumento de 180 euros.
O coordenador do SEP, José Carlos Martins, observou, contudo, que dos mais de 39 mil enfermeiros pouco mais de seis mil estão abaixo dos 1200 euros, definindo o alcance relativo da medida.
Ana Jorge contrapôs que outras matérias em negociação com os enfermeiros vão permitir "saltos salariais", através da progressão, o que no plano geral contribui para a dignificação da profissão.
Durante o encontro com os jornalistas, José Carlos Martins enfatizou que, independentemente da evolução registada em algumas matérias, em relação ao projecto de grelha salarial, rácios e transição na carreira "não há qualquer acordo" com o Ministério da Saúde, pelo que os enfermeiros vão fazer greve na próxima sexta-feira, que inclui uma "manifestação nacional" de protesto.
A ministra da Saúde justificou que "as questões salariais que pôs em cima da mesa foram aquelas que era possível fazer".
Após a reunião de ontem, segunda-feira, no Ministério da Saúde, o SEP decidiu, contudo, suspender a greve que tinha convocado para hoje, quarta e quinta-feira.