Santana Lopes foi o primeiro ex-líder a intervir no congresso com um ataque duro a José Sócrates. Seguiu-se, logo após o almoço, Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes, ambos aplaudidos com entusiasmo pelos congressistas.
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Os ex-líderes marcaram o dia com discursos que elevaram o nível do debate interno acima das querelas entre os candidatos.
Marcelo Rebelo de Sousa foi a Mafra e empolgou a assistência ao dizer que "o primeiro-ministro mente e mente tantas vezes que até se esquece que mentiu".
O antigo líder disse que "este é o momento para o PSD ultrapassar as guerras recentes", promover a unidade interna e esforçar-se para ajudar Cavaco Silva a cumprir um segundo mandato em Belém. "O partido precisa de todos e mesmo todos podemos não ser suficientes", exortou o professor, que, apesar dos apelos, recusou ser de novo candidato.
Marques Mendes foi o primeiro orador a ser aplaudido de pé antes ainda de começar a discursar. Advertiu que o PSD exige que o próximo líder seja "tolerante" e capaz de "unir" e insistiu que em troca deve ser igualmentre exigido "de todos" o minímo de "lealdade, unidade e solidariedade". "Um partido sem unidade cá dentro não é um partido respeitado lá fora", disse.
O antigo líder social-democrata disse ainda que as divisões internas são "o maior seguro de vida" para os adversários e insistiu que "já chega de oportunidades a Sócrates". "O governo arrasta-se de forma penosa nos gabinetes do poder e o primeiro-ministro está sob suspeita e fragilizado".
Santana Lopes lançou-se num duríssimo ataque político a Sócrates e magnetizou o congresso ao ponto de ser aplaudido de pé quando desafiou o primeiro-ministro a reagir aos sucessivos escândalos. "Um primeiro-ministro não pode viver sob suspeita. Ou se demite ou dá um murro na mesa e exige um esclarecimento cabal da situação".
Aproveitou para lançar um repto a Cavaco Silva. "O presidente da República não pode levar a mal que eu lhe pergunte daqui: era esta a boa moeda?". A pergunta em forma de repto provocou uma vaga de aplausos.
Luís Filipe Menezes recordou que o PSD trucidou sete líderes após a saída de Cavaco, enquanto o PS teve três, dois dos quais foram primeiro-ministro.