O primeiro-ministro e presidente do PSD volta, esta terça-feira, 'à estrada', depois de duas semanas de férias, na tradicional festa social-democrata do Pontal, no Algarve, que este ano se realiza num espaço fechado e em vésperas de nova avaliação da 'troika'.Utentes da Via do Infante prometem marcar o momento com marcha lenta e buzinão à porta.
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Pedro Passos Coelho será pela terceira vez - desde que assumiu a liderança do partido - a 'cabeça de cartaz' da festa organizada pelo PSD/Algarve, sempre a 14 de agosto, e que normalmente é uma das iniciativas que marca a 'rentrée' do partido depois das férias de verão.
Como noutros anos, a Festa do Pontal contará com a presença de dirigentes locais e nacionais do PSD, disse à Lusa fonte do PSD/Algarve, estando as duas principais intervenções a cargo de Passos Coelho e do presidente da distrital, Luís Gomes.
Mas ao contrário do que sempre aconteceu, este ano a Festa do Pontal deixa a rua para se realizar no salão de um parque aquático, na Quarteira, mudança que o PSD/Algarve justifica com "motivos de ordem financeira e logística".
O salão, com capacidade para 1.500 participantes, terá lotação esgotada, disse a mesma fonte à Lusa.
O PSD/Algarve, numa nota divulgada na sua página na Internet, sublinha que a Festa do Pontal deste ano ocorre "poucas semanas depois" de o partido "comemorar o primeiro ano à frente da coligação governamental que lidera Portugal", pelo que "este será igualmente palco privilegiado para um balanço do trabalho realizado".
A primeira intervenção de Passos Coelho após as férias de verão ocorre este ano poucos dias antes da chegada a Portugal de uma missão da 'troika' internacional (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e União Europeia), para levar a cabo a quinta avaliação do programa de ajustamento financeiro assinado com o Governo de Lisboa.
Os efeitos do cumprimento do programa acordado com a 'troika' no emprego, no crescimento económico e na execução orçamental têm levado diversos setores, incluindo dentro dos partidos da coligação governamental, a defenderem uma flexibilização das metas pactuadas com os credores.
Para o maior partido da oposição, estas são, aliás, as "questões fundamentais" do país e por isso o PS espera que o primeiro-ministro anuncie hoje "medidas claras" que fomentem o emprego e o crescimento e que "finalmente" explique como pretende cumprir as metas do défice assumidas com as instâncias internacionais e, sobretudo, europeias.
A questão da resposta à crise financeira a nível europeu mereceu na semana passada um comentário público do Presidente da República, Cavaco Silva, que instou o Banco Central Europeu, através de uma mensagem na rede social Facebook, a comprar já dívida pública de Portugal e Irlanda e pediu clarificação rápida dos mecanismos de apoio aos países em dificuldade.
Também Cavaco Silva, a 19 de julho, disse confiar que "o bom senso" acompanhará a 'troika' na quinta avaliação ao programa de ajustamento que irá decorrer a partir de 28 de agosto, insistindo que esse será o momento adequado para inquirir sobre a necessidade de ajustamentos.
Marcha lenta e buzinão à porta
A Comissão de Utentes da Via do Infante promove, esta terça-feira, uma marcha lenta e um buzinão frente ao local onde decorrerá a festa social-democrata do Pontal, no parque aquático Aquashow, em que participa Passos Coelho.
O percurso da marcha contra as portagens na A22 (Via do Infante) foi definido de forma a garantir passagem frente à Festa do Pontal à hora do comício-festa, que este ano deixa a rua e decorre no hotel do parque aquático, local onde os organizadores do protesto prometem fazer ouvir as buzinas com maior intensidade.
A marcha terá início às 19.30 horas, no quilómetro 86, da EN 125, junto ao Café "Várzea da Mão", entre Boliqueime e as Quatro Estradas, local onde recentemente morreu um motociclista num acidente de viação.
O percurso inclui passagem pela rotunda das Quatro Estradas, rotunda do viaduto da EN 396, inversão de marcha na rotunda da BP de Quarteira e termina nas Quatro Estradas.
O circuito anunciado prevê que o protesto passe duas vezes pelo local da festa do PSD, "onde estão os responsáveis pela introdução de portagens, o primeiro-ministro, membros do Governo e deputados, que introduziram e defenderam as portagens", disse à Lusa o porta-voz da Comissão, João Vasconcelos.
"A principal mensagem que queremos passar é que queremos e exigimos a abolição das portagens na Via do Infante", disse à Lusa João Vasconcelos, recordando a delicada situação económica e social que a região vive e a suspensão das obras de requalificação da estrada alternativa, EN 125.
"A EN 125, tal como nós tínhamos alertado, transformou-se num autêntico inferno e as obras de requalificação estão paradas e são autênticas armadilhas mortais que ali temos", acrescentou.
O responsável sublinhou que se trata de uma marcha legal e que as autoridades foram avisadas, salientando que os utentes fazem questão de usar o seu "direito ao protesto".
"A Comissão de Utentes não se resigna, tal como muitos utentes, e vamos continuar a protestar e a buzinar até que as portagens sejam definitivamente abolidas", avisou João Vasconcelos.