A coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, disse, esta terça-feira, que as medidas contempladas no Orçamento do Estado para 2013 são "um desastre nacional" e "resultam de uma política cega de cortes" do Governo.
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Ana Avoila reagia assim à entrega pelo Governo, na segunda-feira na Assembleia da República, da proposta de Orçamento do Estado (OE) de 2013, que prevê um aumento dos impostos, incluindo uma sobretaxa de 4% em sede de IRS.
"Este OE é um desastre nacional (...) Não há alterações, o que temos é mais do mesmo, ou seja, estão a rebentar com tudo o que se conseguiu desde o 25 de abril", disse a coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública.
A sindicalista defendeu que, por isso, os portugueses devem continuar a sair às ruas, a começar já pela manifestação do dia 31 de outubro.
Questionada pela Lusa sobre os efeitos das greves junto do Governo, Ana Avoila, considerou que, apesar de não ser visível, o executivo "está fragilizado" devido à contestação social.
"Efetivamente há um grupo no mundo e na Europa que tenta a todo o custo retirar tudo aquilo que as pessoas construíram depois da II Guerra Mundial. Isto não tem a ver com a crise, começou antes. Aproveita-se a crise para cavar mais fundo e retirar direitos", explicou.
Ana Avoila lembrou que a CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses -- Intersindical Nacional) fez propostas no fim de semana passado, que, se o "Governo tivesse aceitado, podiam resolver" o problema dos salários baixos, pensões, na saúde e educação.
"Temos propostas exequíveis que resolvem, mas o Governo não quer, porque está numa postura neoliberal concertada ao longo dos anos de retirar e retirar. Mas o que parece não é. Eles [ministros] sabem que afinal Portugal não é tão fácil como se pensa. Este Governo está fragilizado devido à contestação social e, por isso, as greves resultam", frisou.
No entender de Ana Avoila, as pessoas têm de se "convencer de que têm de lutar e que as greves estão a dar resultado, mesmo que os ministros digam que não ou pareçam impávidos e serenos".
O orçamento é votado na generalidade no final dos dois dias de debate, 30 e 31 de outubro.
A votação final está agendada para 27 de novembro, no parlamento.