O ex-presidente da Câmara do Porto Fernando Gomes acusou, esta sexta-feira à noite, António Guterres de ter conduzido mal o processo da regionalização enquanto líder do PS, responsabilizando a então direção nacional pela derrota no referendo de 1998.
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Num jantar comemorativo dos 25 anos da tomada de posse dos socialistas na Câmara do Porto, em que Gomes foi o principal protagonista, o ex-autarca confessou qual foi "o único momento" que lhe deixou tristeza, a ele e "ao Norte" em geral. Precisamente, quando Guterres levou a referendo um polémico plano de oito regiões e esta reforma foi chumbada.
"Apenas um momento me deixa particularmente triste. Foi quando a direção nacional do PS entendeu levar por diante, de forma tão pouco cuidada, para não dizer pior, o processo de regionalização. E ao aceitar o referendo nacional, tivemos aquela tremenda derrota", do país e do Norte, criticou Fernando Gomes.
"O PS conduziu de forma errada o processo", insistiu, perante centena e meia de pessoas, entre as quais antigos membros do seu Executivo municipal.
O ex-autarca e ex-ministro acrescentou que foi "provavelmente o momento mais triste e mais baixo para o PS" e "o momento de tristeza para o Norte que nós tanto tínhamos reivindicado como bastião para o avanço da regionalização". E "até no Norte acabámos por perder este processo".
Por sua vez, Manuel Pizarro, vereador do Porto que falava enquanto membro do Secretariado Nacional do PS, disse ser necessário "redobrar o combate pela descentralização" e "fazer deste jantar" comemorativo, na Alfândega do Porto, "um ponto de partida da presença do Porto e do Norte" neste debate.
"Se os portugueses têm razão de queixa do Governo, os portugueses do Norte têm razões a dobrar", criticou Manuel Pizarro, denunciando o "centralismo exacerbado" mas sem referir especificamente a regionalização.
Na sessão, foi lida uma mensagem de António Costa, secretário-geral do PS, para quem descentralizar "é a grande reforma do Estado" que está por fazer. Aquando das primárias, assumiu como prioridade da próxima legislatura a eleição das comissões de coordenação e desenvolvimento regional pelos autarcas como primeiro passo para a regionalização, adiando esta reforma administrativa.