O ministro das Obras Públicas, António Mendonça, defendeu, esta segunda-feira, que "não faz sentido" pensar em "privatizar tudo", realçando que há que ter em conta o papel que certas instituições podem ter no desenvolvimento da economia portuguesa.
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"As intervenções devem servir objectivos de racionalidade económica global. Não faz muito sentido pensar que nesta situação devemos privatizar tudo", disse o ministro aos jornalistas no final de uma reunião com economistas para debater os impactos das medidas constantes do memorando de entendimento do Governo com a 'troika' internacional.
António Mendonça deu como exemplo possíveis privatizações da Caixa Geral de Depósitos (CGD), da Saúde, da Educação e das Águas de Portugal, medidas que, diz, "não fazem sentido em nenhum país".
"Temos de ter a noção do que deve ser feito e não deve ser feito", reiterou, no seguimento das propostas do PSD anunciadas no fim-de-semana.
O governante declarou ainda que a "generalidade" das medidas do memorando com a 'troika' para o sector das Obras Públicas "já estavam programadas ou em curso" no âmbito do ministério que tutela, seja por via do Orçamento do Estado para 2011 ou do PEC4.
Luís Nazaré, Jorge Landeiro Vaz, João Confraria e Pereira Dias foram alguns dos economistas que estiveram reunidos com António Mendonça durante a tarde de hoje no Ministério das Obras Públicas.
Pereira Dias, falando em nome do conjunto de especialistas, disse que o contributo dos economistas junto do ministro foi "mais técnico do que político", e no cômputo geral ficou uma mensagem de que é importante evitar um "estrangulamento da economia" portuguesa após a implementação das medidas da 'troika'.
O que é importante, declarou o economista, é que "não se deite fora o bebé com a água do banho", isto é, que seja resolvido o problema financeiro e que depois não se faça o "desenvolvimento da sociedade portuguesa"
O crescimento da economia "pode ficar comprometido" se tal suceder, sublinhou Pereira Dias.