Jardim diz que não tem "qualquer problema" em divulgar carta que enviou ao primeiro-ministro
O presidente do Governo Regional da Madeira afirmou este domingo que não tem "qualquer problema" em divulgar o conteúdo da carta que enviou ao primeiro-ministro, solicitando um plano de apoio financeiro para a região.
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Alberto João Jardim assegurou aos jornalistas, durante uma inauguração no Funchal, que a missiva "tem apenas uma folha e carácter generalista", embora se diga que não poderá ser "uma solução meramente contabilística" para resolver a situação da região.
"As soluções que se pretendem para a Madeira não podem ser meras soluções no plano financeiro, contabilístico, senão vamos passar a vida a remedar de um lado e daí a dias descobre do outro", disse o governante madeirense, explicitando o que havia declarado no discurso da inauguração da nova sede no Funchal da associação mutualista regional 4 de Setembro.
O líder regional sustentou que "de uma vez por todas o que é preciso é não se andar a empapelar a vida da Região Autónoma, não se andar a arranjar soluções que são remendos, que é o que tem sucedido nas relações entre o Estado e a Madeira".
Adiantou que ao longo do tempo se arranjaram soluções, "mas não se teve em conta o valor que a região pode produzir, porque embora tenha receitas próprias é preciso saber se essas dão para todos os encargos que o arquipélago tem em cima de si".
Segundo o líder insular, "é preciso saber quando se regularizam situações financeiras - como já aconteceu por duas vezes e agora decorre terceira negociação - se se vai resolver só uma situação de tesouraria e contabilidade, ou se se vai criar de uma vez por todas uma solução em que, por um lado, haja receitas e despesas, mas por outro exista uma economia que não esteja estrangulada e continue a funcionar".
Para Jardim, tem de ser encontrada "uma solução realista", porque "senão vai faltar outra vez verbas, vai haver outra vez défices maiores e vai continuar esta história por muitos anos e bons".
O chefe do Executivo madeirense sustenta que, por isso, "tem que ser encontrada uma solução não meramente contabilística, mas uma solução global que encare por completo toda a problemática económica da Região Autónoma".
E garantiu: "É isto eu estou a pretender de vez do Estado português, senão todos aqueles que vierem a seguir a mim vão andar nesta coisa".
Sobre o facto de o cabeça de lista do PS-Madeira às eleições legislativas regionais, que se realizam a 9 de Outubro, Maximiano Martins, ter exigido no sábado que os termos da carta enviada ao chefe do Governo da República fossem tornados públicos, Jardim respondeu: "Não tenho nenhum problema em publicar".
Garantiu que é uma carta "generalista" de apenas uma folha, que "não tem nem números, porque os números já estavam lá e só pede a intervenção da República, sem prejuízo da Zona Franca da Madeira".
Frisou que a frase utilizada pelo ministro das Finanças, "que escandalizou", que "a situação da Madeira como está é insustentável", é da sua autoria e foi mesmo usada na carta que escreveu a Pedro Passos Coelho.
"Peço, portanto, a intervenção da República, não digo que é uma intervenção apenas para fins contabilísticos. Peço para ver se a gente estuda e resolve isto. Mas vai levar algum tempo, porque vai ser preciso combinar várias coisas, em termos de números que existem e da realidade existente", realçou, concluindo que "isto não é para brincar às eleições".