O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, alertou, este domingo, para o "perigo de entendimento" entre PSD, CDS/PP e PS, que estarão dispostos a sacrificar a alternância e "juntar as forças" para prosseguir com uma "política de direita".
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"Já não lhes chega, de facto, a alternância. O agora governas tu, ora agora governo eu. Já não chega. Vão ter de juntar as forças para impedir que o povo português se liberte da política de direita", afirmou o líder comunista após um almoço em Grândola, no Alentejo.
Este "quadro" é, de acordo com Jerónimo de Sousa, apoiado por "várias vozes", como a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, face à perda de "base social de apoio" dos partidos no Governo.
"Ou seja, não vai lá com dois, vão com três, deixando cair a alternância, o rotativismo, para impedir que o povo português se liberte da política de direita", disse o secretário-geral do PCP.
Na edição de sábado do Expresso, o primeiro-ministro e líder do PSD, Pedro Passos Coelho, e o secretário-geral do PS, António José Seguro, admitiram, em entrevista, acordos governamentais.
Passos Coelho disse que "o país deve ser governado no quadro da maior estabilidade possível" e lembrou que o PSD "já esteve no Governo com o PS e com o CDS-PP".
Na mesma edição do semanário, António José Seguro lembrou que já pediu a maioria absoluta aos portugueses em abril do ano passado e que a sua responsabilidade "é dar razão aos portugueses para que o PS a mereça" nas legislativas de 2015.
Contudo, Seguro não descartou acordos de governo. "Não descartarei acordos de incidência governamental e procurarei acordos de incidência parlamentar", disse.
Para Jerónimo de Sousa, a intenção do PS é "continuar a ação da política de direita", motivo pelo qual os seus responsáveis "não prometem nada".
O líder dos comunistas instou, por isso, os socialistas a dizerem o que pretendem fazer "em relação àquilo que foi roubado aos trabalhadores e aos reformados", se estão dispostos a "defender os serviços públicos essenciais", as funções sociais do Estado e o direito à saúde e à edução, e se consideram que há ou não necessidade de renegociar a dívida.