O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, desvalorizou esta segunda-feira a carta que o líder do PS escreveu à "troika", considerando que os socialistas apenas propõem "um retoque" porque não têm uma política alternativa.
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"De boas intenções está o inferno cheio, obviamente não vai conseguir sensibilizar a 'troika'", afirmou o líder comunista, quando questionado sobre a carta que o secretário-geral do PS, António José Seguro, escreveu no domingo às três instituição que formam a 'troika', onde pede que na 7.ª avaliação do programa de resgate, a arrancar em breve, sejam enviados a Portugal "responsáveis políticos".
Apesar de considerar que não é uma carta que vai "impressionar a 'troika' estrangeira", Jerónimo de Sousa admitiu, contudo, que "essa boa intenção do PS" possa recolher alguma "sensibilidade" por parte dos responsáveis da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, na medida em que os socialistas apenas propõem "um retoque" e não a rutura com o memorando de entendimento.
O líder do PCP, que falava em conferência de imprensa na sede do partido a propósito da reunião do Comité Central que decorreu domingo, voltou ainda a insistir na necessidade do PS clarificar a sua posição acerca do memorando de entendimento assinado com a 'troika' e acusou os socialistas de não terem uma política alternativa.
"O PS não tem de facto uma política alternativa, no essencial o que o anima é alcançar o poder", frisou.
Na conferência de Imprensa, o secretário-geral do PCP falou ainda sobre a situação do país, alertando que "a confirmarem-se as mais otimistas estimativas da evolução do país", Portugal chegará ao final de 2013, quando estiverem decorridos dois anos de ajuda financeira, com "uma recessão acumulada de pelo menos 7,7% e com mais de 400 mil empregos destruídos".
"Neste quadro de destruição da economia nacional e de afundamento social, o fantasioso sucesso sobre 'a ida aos mercados' constitui uma operação de propaganda destinada a descentrar os graves problemas do país e a origem das causas da atual crise", declarou, sublinhando não ser sustentável uma taxa de juro de 4,891%.
Jerónimo de Sousa voltou também a criticar a "confessada disposição do PS em colaborar com o Governo na destruição das funções sociais do Estado e para prosseguir as atuais políticas".