O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou, este sábado, que uma eventual demissão do ministro Rui Machete não resolve os problemas do país, apesar de considerar "um desfecho lógico", defendendo que é preciso "demitir o Governo todo".
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Jerónimo de Sousa, que esteve numa sessão pública realizada no Seixal, disse que já saíram vários ministros do governo de Pedro Passos Coelho e que os problemas não se resolveram, deixando também críticas ao PS.
"Penso que as declarações são uma forma torcida de dizer que o PS não quer a demissão do Governo, ao individualizar em torno de Rui Machete, independentemente do episódio. Sabemos que isto não vai lá à peça. Miguel Relvas já foi, Santos Pereira já foi, Vítor Gaspar já foi e a política e o Governo continuaram", afirmou.
O secretário-geral do PCP considerou que o líder do PS, António José Seguro, devia pedir a demissão do Governo e não de um ministro, apesar de salientar que o caso é "mais um sinal de degradação do Governo".
Em causa está um pedido de desculpas do ministro dos Negócios Estrangeiros a Angola por investigações do Ministério Público português a dirigentes angolanos. Rui Machete disse, em meados de setembro, à Rádio Nacional de Angola, que as investigações não eram mais do que burocracias e formulários referentes a negócios de figuras do regime angolano em Portugal, baseando-se num comunicado do Departamento Central de Investigação Criminal (DCIAP) de 2012.
Jerónimo de Sousa referiu que a saída do ministro Rui Machete seria um "desfecho lógico".
"Em nome da ética, seria um desfecho lógico a demissão por parte do próprio. Mas Rui Machete pode demitir-se ou ir embora, que se o Governo fica cá, ficamos na mesma", defendeu.
Na sessão comemorativa do 5 de Outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Lisboa, o presidente da República, Cavaco Silva, defendeu que é imperioso manter a coesão da República e a confiança dos portugueses nas instituições, advertindo que ninguém está acima da lei.
"É uma frase que fica bem quando é dita, mas o grande problema é a realidade. Até por opções do presidente da República na promulgação de leis e quando foi ministro, nem todos foram ou estão a ser iguais perante a lei", defendeu o líder do PCP.
Jerónimo de Sousa disse ainda que Cavaco Silva não tinha "moral" para apelar à defesa da educação. "Como é que se pode valorizar a questão da educação como pedra de toque e valor republicano, quando olhamos para as escolas e vemos que a educação está a ser atacada por parte do governo e com responsabilidades do Presidente da República. Não se entende essa preocupação do Presidente da República com as leis que promulga e apoia", concluiu.