O secretário-geral do PCP procurou, esta sexta-feira, "colar" o CDS-PP às "medidas penalizadoras" do acordo entre Governo e `troika" sobre a ajuda externa, com Paulo Portas a contrapor que a alternativa do PCP era "impraticável e perigosa".
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Com o acordo entre o Governo e o Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia a dominar o debate entre Paulo Portas, e Jerónimo de Sousa na RTP, o secretário-geral comunista afirmou que as "medidas penalizadoras têm a assinatura" do líder democrata-cristão.
"Este acordo tem a assinatura do CDS que diz que todas as reformas e pensões acima dos 200 e poucos euros ficam congeladas", disse Jerónimo de Sousa.
Paulo Portas respondeu: "Não se engane de adversário" porque "quem levou o país a duas recessões em dois anos, o desemprego a mais de 600 mil desempregados não foi o CDS" e exortou o secretário-geral comunista a "não ser sectário".
Paulo Portas defendeu que nesta altura o empréstimo era inevitável para impedir que dentro de poucas semanas o país fosse à bancarrota e ficasse sem dinheiro para pagar salários e pensões e, mostrando-se conhecedor das propostas dos comunistas, disse que a alternativa do PCP era "impraticável e perigosa".
Bastante combativo perante o "colega deputado" de quem disse discordar nas soluções, Paulo Portas exemplificou que a proposta comunista para a "reestruturação da dívida" teria como consequência a "percepção de que o Estado não tem dinheiro para a pagar".
"Nós somos membros do Euro, se houver um país que não paga, o país é posto fora do Euro. E a dívida do Estado passa a valer o dobro", afirmou Portas.
Jerónimo de Sousa insistiu que não serão os bancos e os grandes grupos financeiros os "penalizados" com o acordo, mas sim os reformados e os trabalhadores que vão ver as contas da luz e dos combustíveis aumentarem.
O líder do CDS-PP afirmou que o PCP "não pode negar o esforço do CDS" na questão das pensões e também na defesa da agricultura.
Portas questionou Jerónimo de Sousa sobre se o PCP considerou "anti-patriótico" ir "falar" com a 'troika', afirmando que o secretário-geral da CGTP-IN, Carvalho da Silva, "também lá foi".
Jerónimo de Sousa recusou essa "interpretação", afirmando que "não é o ir lá, é o que se lá vai fazer", e duvidou que Paulo Portas e a equipa negocial democrata-cristã tivessem conseguido influenciar o resultado do acordo.
Noutro ponto do debate, Portas perguntou a Jerónimo de Sousa qual é o país onde vingou o modelo preconizado pelo Partido Comunista no qual as pessoas sejam "livres e felizes", perante alguma irritação do líder do PCP, que respondeu que o seu partido é "patriótico" e "sem modelos".
Questionado sobre se há algum partido com o qual possa fazer coligação, Jerónimo de Sousa respondeu que "obviamente é muito difícil" face "aos apelos aos entendimentos" entre o PS, o PSD e o CDS.