Paiva Nunes, que suspendeu funções de administrador na EDP Imobiliária, arguido no caso "Face Oculta", foi ouvido pelo juiz de instrução durante 16 horas, mas só terça-feira serão conhecidas as medidas de coacção.
Domingos Paiva Nunes é o oitavo arguido do caso "Face Oculta" que foi ouvido pelo juiz de instrução criminal da comarca do Baixo Vouga, em Aveiro.
A audição do auto-suspenso administrador da EDP Imobiliária começou na passada terça-feira à tarde e continuou durante todo o dia e princípio da noite de ontem, num total de mais de 16 horas, mas só na próxima terça-feira será conhecida qualquer possível alteração à medida de coacção a que está actualmente obrigado: termo de identidade e residência, segundo anunciou aos jornalistas o presidente do Tribunal da Comarca do Baixo Vouga, desembargador Paulo Brandão.
Castanheira Neves, defensor de Domingos Paiva Nunes, não quis fazer qualquer comentário ao JN sobre o desenrolar da inquirição do seu cliente. "Não digo nada", disse.
Paiva Nunes é considerado pelos investigadores como tendo sido apresentado a Manuel José Godinho, o único detido preventivamente no processo "Face Oculta, por Armando Vara, um dos arguidos do processo que ainda não foi presente ao juiz de instrução criminal e que suspendeu também as suas funções de administrador do Millenium bcp.
Inquirições na terça-feira
As inquirições dos arguidos do caso "Face Oculta" vão prosseguir na próxima terça-feira, não estando marcada nenhuma diligência para segunda-feira, segundo anunciou aos jornalistas o presidente do Tribunal da Comarca do Baixo Vouga.
O desembargador Paulo Brandão não revelou quais os arguidos que serão ouvidos, mas tudo aponta para que nomes como os José Penedos, presidente da REN, e o seu filho, Paulo Penedos, e ainda Armando Vara, estejam presentes na próxima semana em Aveiro nas instalações do DIAP para serem inquiridos pelos magistrados do Ministério Público, Marques Vidal e Carlos Filipe Ferreira, e pelo juiz de instrução criminal, António Costa Gomes.
Entretanto, os advogados de Manuel José Godinho requereram ao Juízo de Instrução Criminal do Baixo Vouga que "adapte" a medida de coacção a que o principal arguido da "Face Oculta" está sujeito (prisão preventiva) ao seu estado de saúde "preocupante".
Pedro Teixeira, um dos advogados do arguido, disse à agência Lusa que o requerimento apresentado alude a relatórios médicos que referem um quadro cardiovascular "complicado" e "problemas graves" de diabetes de Manuel José Godinho.
Segundo Pedro Teixeira, estes problemas de saúde são sublinhados quer pelo médico pessoal de Manuel Godinho, quer pelos serviços clínicos do Estabelecimento Prisional de Aveiro, onde o arguido se encontra.
O advogado não quis adiantar que solução preconiza - transferência de Godinho para um hospital-prisão ou prisão domiciliária -, preferindo "dar inteira liberdade ao juiz para decidir".
