A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, considerou hoje em Coimbra que "a liberdade da comunicação social" foi afectada por o Jornal de Sexta da TVI ter sido "silenciado".
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"Essa liberdade da comunicação social foi efectivamente afectada. Com que objectivos, donde veio, a origem, não sei. Há um facto concreto: há um programa que foi silenciado e é esse o ponto que nos deve fazer pensar", salientou, em declarações aos jornalistas no final da Convenção Nacional Autárquica do PSD.
Questionada sobre a hipótese de ter havido interferência directa ou indirecta do PS ou do governo na decisão de suspender aquele telejornal da TVI, Manuela Ferreira Leite disse não saber.
"Nunca ninguém saberá o que é que se passou. Aquilo que todos sabemos é qual foi o clima criado à roda da liberdade de informação, e esse clima existe e é lastimável que exista num país democrático", sustentou.
Para a líder do PSD "está criado o clima para que se subentenda que aquilo que se passou na TVI é um grave atentado à liberdade da comunicação social".
"Aquilo que se passou nunca ninguém saberá o que foi, mas há uma coisa que todos nós sabemos: é que se tratava de uma estação televisiva e de um programa específico com que o primeiro-ministro se sentia incomodado e publicamente se manifestou contra ele", afirmou.
Por outro lado, "o país também sabe que houve um momento em que havia um negócio que levaria à tomada de poder da TVI, que o PSD denunciou e que foi anulado por esse motivo", acrescentou, numa referência ao interesse manifestado pela Portugal Telecom em comprar 30 por cento da Media Capital (proprietária da TVI) ao grupo espanhol Prisa. O negócio acabou por ser inviabilizado pelo Governo, que detém uma 'golden share' na PT.
"Portanto, quando há muitos casos desta natureza e quando há um sentimento no país que de existe verdadeiramente uma asfixia democrática, no sentido em que quem discorda, quem enfrenta, quem ousa dizer alguma coisa que não está de acordo com os parâmetros do governo, sofre ameaças, sofre retaliações, e quando isso é assim, está criado o clima para que se subentenda que aquilo que se passou na TVI é um grave atentado à liberdade da comunicação social", sublinhou hoje Ferreira Leite.
A líder dos sociais-democratas disse também que não está em causa a questão dos efeitos deste caso nos resultados eleitorais, mas a existência no país de "um clima de falta de liberdade total que leva a que haja a possibilidade de haver atentados à liberdade da comunicação social".