O secretário-geral do PS e o primeiro-ministro apresentaram-se, esta sexta-feira, em divergência sobre a possibilidade de o BCE ter um poder de livre emissão de dinheiro como forma de fazer face à actual crise financeira.
Corpo do artigo
Na sua intervenção, durante o debate quinzenal na Assembleia da República, António José Seguro defendeu que o BCE "deverá ter um papel mais activo no sentido de proceder à emissão de moeda, sendo um credor de último recurso".
"É um benefício para injetar liquidez na nossa economia. Estamos a falar a de apoiar as nossas empresas para preservar emprego", acentuou o líder socialista, antes de também preconizar a emissão de eurobonds e a existência de uma harmonização fiscal na União Europeia.
"O senhor primeiro-ministro precisa de ter visão e de ter ambição, mas o que não vejo em si nem nos líderes europeus do momento essa ambição e visão para a Europa e Portugal", criticou.
Na resposta, Pedro Passos Coelho recusou as ideias de a União Europeia ter um BCE emissor de moeda e de os países com excedentes orçamentais serem obrigados a pagar a dívida dos outros.
"As suas propostas, de facto, não são as minhas. Não quero que o BCE funcione para a Europa como a reserva federal norte-americana funciona para os Estados Unidos, ou como o Banco da Inglaterra funciona para o Reino Unido, porque esses países também têm dívida, também têm défice e também de aplicar receitas recessivas e contraccionistas. Posso mesmo dizer que, se na origem desta crise está a instabilidade financeira, parte dela foi gerada pela forma como os bancos centrais actuaram durante vários anos", respondeu o primeiro-ministro.
Em contraponto, o primeiro-ministro afirmou concordar com a perspectiva de o BCE ter um papel de estabilização financeira junto dos mercados.