O secretário-geral do PS considerou, esta sexta-feira, que os cortes na saúde estão a deixar o setor em situação de rutura, mas o primeiro-ministro negou e criticou Seguro por explorar para efeitos políticos dos picos de procura nas urgências.
Corpo do artigo
Durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, António José Seguro motivou protestos na bancada do PSD ao apontar situações que estarão a ocorrer em urgências hospitalares em que o doente chega a esperar cerca de 20 horas para ser atendido.
Pedro Passos Coelho rejeitou qualquer situação de rutura, defendeu que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem aumentado a sua resposta e acusou o líder socialista de "obter aproveitamento" a partir de "picos de utilização do sistema" - posições que levaram António José Seguro a contrapor a tese de que, enquanto líder do maior partido da oposição, é sua obrigação apresentar estes casos perante o Governo.
Logo na sua primeira intervenção, além de apresentar uma espécie de relatório síntese sobre o tempo de espera nas urgências em alguns dos principais hospitais portugueses (desde o Porto até Almada), o secretário-geral do PS invocou opiniões de profissionais do setor da saúde que afirmam existir "situações de rutura".
António José Seguro criticou depois o líder do executivo por, numa resposta anterior, ter dito alegadamente à deputada de "Os Verdes Heloísa Apolónia que estava tudo bem no setor da saúde - afirmação que o primeiro-ministro desmentiu logo a seguir ter proferido.
"Senhor deputado António José Seguro, eu não disse que estava tudo bem, o senhor deputado não me ouviu dizer isso, é uma técnica que o senhor usa, mas peço-lhe que seja mais cuidadoso nas intenções que me atribui. No entanto, mesmo com as restrições, tem havido um incremento da resposta pública", contrapôs o primeiro-ministro.
Neste debate, o secretário-geral do PS criticou também o Governo por ter reduzido a atribuição do número de bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento, considerando "grave essa quebra" de investimento em investigação e "um autêntico cartão de embarque" para muitos jovens emigrarem.
Pedro Passos Coelho negou essa perspetiva, contrapondo que o investimento em ciência se conserva quase nos mesmos níveis de 2009, na ordem dos 450 milhões de euros.
"Acontece que deixámos de colocar os ovos todos no mesmo cesto do concurso geral individual", justificou Pedro Passos Coelho, classificando depois como "uma falácia" a ideia de que o seu executivo desinvestiu na ciência.
Neste debate quinzenal, o secretário-geral do PS confrontou ainda Pedro Passos Coelho com o facto de estar a receber muitas cartas de cidadãos em protesto por familiares seus estarem a deixar de receber o complemento solidário para idosos.
O primeiro-ministro respondeu com ironia, dizendo que Seguro está a receber cartas "com um desfasamento de tempo", porque "as regras na atribuição do complemento solidário para idosos já mudaram em 2012".