O líder do BE assumiu o "resultado muito negativo" do partido na Madeira, que perdeu o único deputado no Parlamento Regional, mas prometeu ir "à luta" no ciclo político que representará o "fim do jardinismo".
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"Não creio que o BE seja o maior derrotado, mas certamente temos uma derrota", afirmou o líder bloquista, Francisco Louçã, em declarações aos jornalistas na sede do partido em Lisboa.
Reconhecendo o "resultado muito negativo" que o Bloco alcançou nas eleições regionais da Madeira, Francisco Louçã destacou, contudo, a "situação de fragilidade" que as esquerdas vivem actualmente na região autónoma.
"As esquerdas no seu conjunto representam hoje menos de 20% do eleitorado da Madeira e vivem uma situação de fragilidade, incluindo o BE que teve um resultado muito negativo", disse Francisco Louçã.
Apesar do resultado, o líder do BE prometeu "ir à luta", porque o partido é "um corredor de maratona".
"O BE vai à luta sem pedir qualquer desculpa numa situação muito difícil para a Madeira e que exige muita consistência política", referiu.
Questionado se o resultado alcançado esta noite pelo BE, que foi o partido menos votado de entre as nove forças políticas que concorreram, poderá abalar a sua liderança, Francisco Louçã nunca respondeu directamente.
"O BE teve um mau resultado e não nos escondemos atrás de retórica, vamos à luta", começou por dizer, insistindo que o partido apenas não elegeu um deputado por pouco mais de 200 votos.
Mais tarde, perante a insistência dos jornalistas, Francisco Louçã reiterou ser um "homem de luta", lembrando que as derrotas fazem parte do caminho.
"Uma derrota é uma derrota, faz parte do nosso caminho, faz parte na nossa luta, mas vamos à luta", frisou, lembrando que há pouco mais de dois anos o BE ultrapassou o CDS-PP nas europeias e a sua liderança não foi questionada.
Considerando que os madeirenses terão agora uma "segunda-feira de susto", já que irão finalmente ficar a conhecer as medidas de austeridade que serão impostas à região, o líder do BE apontou também a próxima semana como "o primeiro dia da contagem decrescente do regime" de Alberto João Jardim.
"Jardim pela primeira vez na história democrática da Madeira não representa sequer metade do eleitorado", disse, notando que apesar do PSD/Madeira ter conquistado a maioria dos deputados no Parlamento regional, não teve conseguiu chegar aos 50% de votação.
"Amanhã [segunda-feira] começa um novo ciclo político na Madeira: é o fim do jardinismo", declarou, apontando também o futuro como "o tempo da responsabilidade", onde já não será possível "esconder contas".
Ainda relativamente ao resultado do BE, Francisco Louçã apontou a deslocação de votos para "partidos de protesto", repetindo que o seu partido irá "à luta".
"Hoje houve fogo de artifício, é o último dia em que há fogo de artifício deste regime tutelar, de pressão económica e de amiguismo contratual que tem governado a Madeira com pulso de ferro", sustentou.
O BE perdeu esta noite o único deputado que tinha conquistado em 2007, passando de uma votação de 2,97% (4.186 votos) para uma votação de 1,7% (2.505 votos).
Além disso, foi a única das nove forças políticas que concorreram às eleições que não conquistou um único mandato para o Parlamento Regional.