O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louça, considerou hoje, sábado, "patético" um pedido de desculpas exigido pelo PS sobre o caso Joana Amaral Dias, acrescentando que o primeiro-ministro é que deveria pedir desculpas ao país.
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"O pedido de desculpas é patético. O doutor Paulo Campos, em 24 horas, desmentiu-se a si próprio. Não me peçam que o leve a sério", disse em Ponte de Lima o dirigente do Bloco de Esquerda (BE).
Em causa está o alegado convite para integrar as listas socialistas nas legislativas, pelo círculo de Coimbra, que o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, terá feito à bloquista Joana Amaral Dias.
O PS negou este convite mas, na sexta-feira, Joana Amaral Dias confirmou ter sido convidada.
Paulo Campos admitiu então ter apenas sondado Joana Amaral Dias para saber se esta estaria disponível, salientando que não informou a direcção do PS, nem fez um convite oficial ou qualquer alusão à possibilidade de a militante do BE obter um cargo público.
Este convite levou Louçã a acusar o primeiro-ministro de "tráfico de influências" e os socialistas a exigirem um pedido de desculpas ao bloco.
Louçã disse ainda que, na semana passada, o governo fez cinco declarações - duas do primeiro-ministro, José Sócrates, uma do ministro do Trabalho, Vieira da Silva, e duas conferências de imprensa do porta-voz do PS - a "desmentir terminantemente que tivesse convidado Joana Amaral Dias".
"Não resta agora nenhuma dúvida de que o governo mentiu: foi um membro do governo que convidou Joana Amaral Dias", afirmou.
O líder do 'bloco' considerou, assim, que deveria ser o primeiro-ministro a pedir desculpas ao país e ao BE, em particular, "pois disse que era mentira o que era verdade".
Para Louçã, o mais importante nesta "telenovela" é que "nenhum partido tem o direito de considerar o Estado como uma sua sucursal e oferecer, a troco de alguma posição partidária, um cargo político".