O coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, qualificou, esta sexta-feira, como "indignantes" as declarações do primeiro-ministro de que o desemprego deveria ser encarado como uma oportunidade, após uma visita ao Hospital de Faro.
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"Ouvi essa frase e é indignante. Depois de um governo ter provocado a facilidade dos despedimentos, que tem como consequência mais despedimentos, depois de provocar a facilitação da precaridade, que causa mais precaridade, depois de reduzir a indemnização pelos despedimentos, depois de atacar as pessoas de todas as formas, ainda lhes diz que a sua desgraça é uma oportunidade para elas", afirmou o líder do BE.
Francisco Louçã reconheceu que na política há diferenças entre as diferentes forças, mas defendeu que "é preciso que haja um sentido de respeito pelas pessoas que este Governo não demonstra ter".
O primeiro-ministro apelou, esta sexta-feira, aos portugueses para que adotem uma "cultura de risco" e considerou que o desemprego não tem de ser encarado como negativo e pode ser "uma oportunidade para mudar de vida".
Passos Coelho referiu que "estar desempregado não pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida, tem de representar uma livre escolha também, uma mobilidade da própria sociedade".
Em reação a estas palavras, Louçã disse que "há 800 mil desempregados que já não têm subsídio de desemprego e um milhão que quer trabalhar, tem direito a trabalhar, levou uma vida a puxar por este país e não tem nada" e Pedro Passos Coelho "dizer a estas pessoas que esta economia é uma oportunidade é cinismo, inaceitável e sobretudo falta de respeito".
O dirigente do BE disse ainda que gostava que "o Governo, que atira a pedra do desemprego, não escondesse a mão atrás das costas".
Na opinião do líder "bloquista", é o executivo de coligação PSD/CDS-PP que "está a fazer a crise quando reduz o investimento, facilita despedimento, promove precarização do trabalho, aumenta taxas moderadoras, o custo do gás, da eletricidade", políticas que "tiram dinheiro às pessoas".
Recordou a perda do 13.º e do 14.º mês, que se vai manter até 2018, e considerou que esta economia de saque é uma economia de crise" e "a crise é o nome deste governo".
A reação de Louçã surgiu após se reunir no Algarve com a Administração do Hospital de Faro, unidade de saúde que visitou e disse "ter grandes dificuldades" que têm de ser supridas em defesa do Serviço Nacional de Saúde.