O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, propôs, em Paris, aos homólogos do Grupo do Mediterrâneo (Med7), uma maior cooperação para evitar "infiltrações terroristas" no movimento migratório para a Europa.
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"Fui eu até que propus esse aspeto, devíamos encarar a possibilidade de ir constituindo - entre os países próximos e um pouco mais longínquos - esquemas de cooperação informais ou formais que possam assegurar que as fronteiras dos países vizinhos não são penetradas pelo Daesh (Estado Islâmico do Iraque) ou por infiltrações terroristas e que possa haver uma maior eficácia no controlo das migrações, em particular para a Itália", declarou Rui Machete aos jornalistas, no Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
O ministro português especificou falando num "controlo mais apertado das fronteiras com a Líbia" que considerou "extremamente porosas", relembrando que "nas migrações, particularmente para a Itália, há terroristas que se misturam nesses fenómenos migratórios".
Rui Machete falou ainda numa "maior cooperação" dos países que "estão interessados em evitar essa penetração" e numa "política mais cooperante contra a radicalização dos jovens nos países vizinhos".
O chefe da diplomacia portuguesa vincou que estas medidas devem ser encaradas no caso de não se conseguir "um governo de união nacional englobando as diferentes forças políticas na Líbia", o qual encara como "uma condição muito importante para o êxito da luta contra o Daesh" [acrónimo árabe do Estado Islâmico].
Em conferência de imprensa conjunta, momentos antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, declarou que os países-membros do grupo do Mediterrâneo condicionam o apoio à Líbia à formação de um governo de união nacional.
"Se houver um governo de união nacional [líbio], vamos apoiá-lo, senão tomaremos outras medidas. Sublinhámos a que ponto esta questão líbia está ligada à questão de migrações ilegais, um tema que nos afeta a todos, a toda a Europa. Um tema em que queremos ter a nossa palavra. Entre os meus colegas europeus, houve uma grande convergência sobre a necessidade de agir e agir rápido", declarou o chefe da diplomacia francesa.
Além da instabilidade na Líbia, o conflito no leste da Ucrânia foi um dos temas em destaque na segunda reunião informal de chefes da diplomacia do Grupo do Mediterrâneo, que reúne sete Estados-membros da União Europeia: além de Portugal, Espanha, França, Itália, Malta, Grécia e Chipre.
Laurent Fabius disse ainda que o encontro serviu para preparar a reunião dos chefes da diplomacia dos 28 Estados-membros da União Europeia com homólogos de países a sul do Mediterrâneo, prevista para 13 de abril, em Barcelona.
A primeira reunião do Med7, uma iniciativa de Espanha e do Chipre, decorreu em abril passado, na cidade espanhola de Alicante, durante a qual os ministros debateram o problema da imigração no Mediterrâneo.
Portugal copreside atualmente ao Processo de Cooperação do Mediterrâneo Ocidental, conhecido por Diálogo 5+5, que reúne cinco países do sul da Europa (Portugal, Espanha, França, Itália e Malta) e cinco países do norte de África (Marrocos, Mauritânia, Líbia, Argélia e Tunísia), um fórum que pretende também debater as relações entre a Europa e o norte de África.