O ex-Presidente da República Mário Soares considerou, segunda-feira, que a crise política agravou as dificuldades do país e poderia ter sido evitada, num discurso em que apelou ao diálogo nacional após as eleições.
Corpo do artigo
A posição de Mário Soares foi assumida na sessão comemorativa da revolução de 25 de Abril de 1974, no Palácio de Belém, numa cerimónia em que foi o único ex-chefe de Estado a comparecer de cravo vermelho na lapela.
Na parte final da sua intervenção, Mário Soares referiu-se às negociações em curso entre o Governo português e a "troika" europeia (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) e às eleições antecipadas de 5 de Junho, deixando então um apelo ao consenso político logo após este ato eleitoral.
Com o primeiro-ministro, José Sócrates, e o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, sentados na plateia, o ex-Presidente da República (1986/1996) advertiu a classe política que, após o acordo com a "troika" europeia, "a situação portuguesa ficará estabilizada mas não resolvida".
"Porque entramos em período eleitoral (que podia ter sido evitado), que acrescentou à crise financeira e económica uma crise política e provavelmente social. É aqui que se impõe a necessidade crucial que os portugueses se unam ao redor das grandes reformas necessárias para assegurar um futuro melhor para todos e que os partidos e os parceiros sociais dialoguem, independentemente das divergências ideológicas que os separam", apelou.
Neste ponto, o fundador do PS salientou ainda que "acima dos interesses partidários e sectoriais se deve pôr sempre o interesse nacional".