O ex-presidente da República e primeiro-ministro Mário Soares criticou, esta sexta-feira, que a "troika' esteja "a funcionar como parecendo o Governo do país", dizendo concordar e ter achado "muita graça" às declarações do presidente do BPI, Fernando Ulrich.
Corpo do artigo
"Eu achei muita graça, isso posso dizer-lhe, e até estava com a ideia de lhe telefonar hoje para lhe dar os meus cumprimentos, aquilo que disse o doutor Ulrich, que disse que esses senhores da "troika' são assim uns senhores de 5ª ou 7ª ordem. Eu achei graça a isso", afirmou Mário Soares.
O fundador do PS e actual conselheiro de Estado falava aos jornalistas na Fundação Mário Soares, à entrada para a sessão de lançamento em Portugal do livro "Cuentos para mis nietos", escrito por Elzira Dantas Machado, esposa do ex-presidente da República Bernardino Machado, na segunda década do século XX.
Na quinta-feira, o presidente do BPI, Fernando Ulrich, disse que gostava de deixar de assistir a conferências de imprensa da "troika" feitas por funcionários "não eleitos democraticamente", preferindo ouvir o Governo que está a fazer "um excelente trabalho".
Questionado sobre se considera que a "troika" tem ultrapassado as suas competências de intervenção relativamente a Portugal, Mário Soares respondeu: "Ah, sim, com certeza".
"Não se esqueça que a "troika' está a funcionar como parecendo o Governo do país, ora não é, nós temos um Governo legítimo", defendeu.
Já sobre o Orçamento do Estado para 2012, que na próxima semana é votado em votação final global, no Parlamento, e a linha de actuação do PS, Mário Soares não quis fazer comentários, lembrando que "não é deputado", nem tem "funções públicas".
Perante a insistência dos jornalistas, Mário Soares rejeitou dar qualquer opinião, mesmo na condição de fundador e ?"histórico" do PS: "Já há quantos anos é que eu fui fundador do PS".
"Não posso estar a comentar todos os dias o que se passa em Portugal, porque eu não tenho funções públicas, sou apenas membro do conselheiro de Estado, mais nada do que isso, e cidadão, como cidadão faço cá os meus juízos, mas eles não têm nenhum interesse para vocês", declarou.
"Falem com os deputados", recomendou Mário Soares, entrando depois no auditório da Fundação.