Maus resultados a Português devem-se à preferência dos alunos pela via científica
A presidente da Associação de Professores de Português justificou, esta sexta-feira, os maus resultados na primeira fase dos exames nacionais do ensino secundário nesta disciplina com o facto de 70% daqueles alunos estarem a seguir o ramo científico e não humanístico.
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Edviges Antunes Ferreira considerou, em declarações à agência Lusa, que o "factor aluno" é a primeira causa destes resultados, na medida em que os estudantes estão cada vez menos preocupados com o exame de Português porque pretendem seguir sobretudo a via científica.
"Logicamente, eles têm mais preocupações em obter boa nota a Matemática, Física e Biologia" do que em Português, porque são aquelas disciplinas específicas do seu curso que vão contar para a média de entrada na universidade.
Além disso, explicou, nas disciplinas específicas os alunos têm testes intermédios, o que também não lhes dá muito tempo para se prepararem para o Português.
Outro factor de peso para os maus resultados em Português resulta, segundo Edviges Antunes Ferreira, do "próprio exame", que este ano mudou de paradigma, colocando perguntas diretas sobre a função da língua a que os alunos não souberam responder.
De acordo com a mesma responsável, 80% dos alunos não souberam indicar o sujeito. Também na identificação de uma oração, a mesma percentagem de alunos falhou a resposta.
A taxa de reprovação a Português quase duplicou na primeira fase dos exames nacionais do ensino secundário, passando de 6% para 10%.
Em 68.409 provas, registaram-se 37.685 negativas, de acordo com os dados hoje divulgados.
A média dos 49.912 alunos internos baixou de 11 valores para 9,6, enquanto a total passou de 10,1 para 8,9.
Esta é uma das quatro disciplinas em que os alunos internos apresentam média nacional negativa e a que registou um maior número de inscrições (78.159 alunos).