O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, manifestou-se, esta segunda-feira contra um Governo de Bloco Central, que diz não ser essencial para a estabilidade política do país, e considerou "absurdo" falar já sobre o assunto.
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"Acho um completo absurdo esta antecipação da necessidade do bloco central", frisou o ex-líder do PSD, reagindo à entrevista de Jorge Sampaio publicada no Diário Económico.
Menezes não quis criticar Sampaio, que considera "um homem muito sensato e equilibrado", mas fez questão de atacar a possibilidade de uma coligação entre o PSD e o PS.
"Acho altamente fragilizante do debate democrático estar a falar antecipadamente de coligações pós-eleitorais. Devemos é fazer os possíveis para que haja projectos claros que sejam largamente sufragados. Cada partido que fala de coligações já está a debitar discurso de fragilidade, de descrença", observou o social-democrata, em declarações aos jornalistas no final de uma conferência de imprensa em Gaia.
Para além disso, Menezes considera que o debate sobre o Bloco Central transmite uma ideia de poder a todo o custo.
"Cada partido que fala de coligações está a passar aos portugueses a ideia de vontade de poder... de chegar ao poder a qualquer preço, agarrado a quem quer que seja", sublinhou o autarca.
De qualquer forma, Menezes estaria sempre contra um Bloco Central, e não deixaria de votar contra a sua criação.
"Como militante do PSD, se alguma vez tiver de emitir opinião... Tenho assento vitalício no Conselho nacional do PSD, onde não tenho ido para não embaraçar, mas a esse iria para votar contra o bloco central", frisou.
Lembrando as sondagens publicadas, esta segunda-feira, no Jornal de Notícias, Menezes alertou, ainda, que não parece ser necessário um bloco central para assegurar a estabilidade do país.
"Não vejo que o bloco central seja indispensável para assegurar estabilidade política. Não consigo entender esta voracidade por um bloco que, de acordo com as sondagens hoje publicadas, teria 70 por cento dos votos. Já não estariamos a falar da estabilidade, estávamos a falar da gulodice absoluta", criticou.
Considerando que o bloco central "seria aniquilador da vivacidade necessária ao funcionamento da democracia portuguesa", Menezes afirmou que "existem cenários teóricos que podem assegurar alternativas de governação diversas", sem ser necessário optar por uma solução "que seria extremamente fragilizante para democracia portuguesa".
Em entrevista ao Diário Económico, o ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, admite que "pode ser necessário um bloco central para garantir estabilidade".
Numa entrevista à SIC, transmitida segunda-feira, Manuela Ferreira Leite foi questionada sobre o cenário em que se sentiria mais confortável, se numa aliança do PSD com o CDS-PP ou se num novo Bloco Central com o PS.
“Eu sentir-me-ia confortável com qualquer solução em que eu acredite, em que eu acredite que a conjugação de esforços e, especialmente, a conjugação de interesses - interesses no sentido do país - são coincidentes. Se perceber que o objectivo país não é propriamente aquele que está no centro das atenções, então com dificuldade haverá um Governo que possa contribuir para a melhoria do país", respondeu.
A presidente do PSD disse também, a propósito de soluções de Governo, que "há casamentos que são muito bonitos no anúncio, mas que na realidade não funcionam" e que está mais à espera "de ganhar as eleições do que ter de dar uma colaboração em termos de resultados eleitorais".
Em declarações à Lusa feitas na sequência da entrevista à SIC, Manuela Ferreira Leite considerou que a hipótese de admitir um Bloco Central é "uma interpretação abusiva" das suas palavras.
"É uma interpretação abusiva porque como é sabido sempre recusei a hipótese de um governo de Bloco Central", declarou a presidente do PSD.
Na sua primeira entrevista enquanto presidente do PSD, dada à TVI em um de Julho de 2008, Manuela Ferreira Leite criticou expressamente a ideia da reedição do Bloco Central.
"Para a vida saudável de uma democracia não se pode esperar que seja aceitável que um projecto do país seja os dois partidos da alternância estarem juntos. Isso é completamente contra a vida saudável de uma democracia", disse.