Foi em silêncio que Passos Coelho assistiu, esta terça-feira, às notícias de que seis secretários de Estado estarão de saída. Ao JN, foi dado como certo que Daniel Campelo já tem substituto e que Almeida Henriques não sairá.
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Os nomes avançados esta terça-feira para a próxima mexida no Governo são, há já algum tempo, dados como remodeláveis. Em causa estão apenas e mais uma vez secretários de Estado. Quer as saídas avançadas pela TVI se concretizem de imediato quer surjam num futuro próximo, tudo indica que o objetivo é aproveitar a demissão de Paulo Júlio (Administração Local), acusado de prevaricação por ter, alegadamente, favorecido um familiar num concurso para a Câmara de Penela, quando a liderava.
No Emprego, Pedro Martins está incompatibilizado com os parceiros sociais, havendo quem, na Concertação Social, o considere "autista" nas negociações, adiantou ao JN um dos parceiros. "Diz que faz uma coisa e depois faz outra, não tem a nossa confiança", disse.
No Empreendedorismo e Inovação, Carlos Oliveira terá tido dificuldade em lidar com a máquina partidária e com outros membros do Ministério da Economia. Um deles será Almeida Henriques, que também foi dado como estando de saída, para se candidatar à Câmara de Viseu. Mas, pelo que o JN pôde apurar, o secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional, que detém o pelouro dos fundos europeus, ficará no Governo.
Os três são secretários de Estado do megaministério da Economia e Emprego, que tutela ainda os transportes, as obras públicas e as comunicações. Ao final da tarde de ontem, o ministro Álvaro Santos Pereira estava reunido com o primeiro-ministro.
Os restantes dois nomes ontem avançados são os de Paulo Núncio e Daniel Campelo.
No Ministério das Finanças, as relações do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais com os restantes membros do gabinete são dadas como tensas.
Na Agricultura, o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural estará há já algum tempo a preparar a saída, por razões de saúde. Um nome falado para o substituir é o do atual diretor--geral da Alimentação e Veterinária, Nuno Vieira e Brito, cabeça de lista do CDS-PP à Assembleia Municipal de Guimarães nas últimas autárquicas. Ao JN, Nuno Brito negou ter sido convidado.
Mexida "em duodécimos"
Mesmo sem confirmação oficial da saída dos secretários de Estado, o Partido Socialista aproveitou a oportunidade para, pela voz do vice-presidente da bancada socialista, José Junqueiro, vir denunciar remodelações "em duodécimos", mostrando a "imagem de um Governo a cair aos bocados".
O JN pediu ao gabinete do primeiro-ministro uma reação oficial às notícias, mas não obteve resposta.