Militares consideram que medidas apesentadas pelo Governo vão "para além do desrespeito"
As associações de militares criticam as medidas de consolidação orçamental anunciadas pelo primeiro-ministro, Passos Coelho, considerando que vão "para além do desrespeito" e falam em "humilhação" dos profissionais das forças armadas.
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"As medidas merecem a nossa repulsa e evidentemente que não são do agrado de ninguém. Isto só veio comprovar uma postura de desrespeito para com a dignidade que já atinge um limite tal que nos permite dizer que já é humilhação dos militares", afirmou o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, Manuel Cracel.
Em declarações à Lusa, Manuel Cracel apontou o aumento da idade de reserva para os 58 anos como um exemplo de "ignorância de uma realidade como a militar", que "vai fazer com que as forças armadas sejam constituídas por um conjunto de militares idosos, serão umas forças armadas de anciãos".
Já o presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, criticou a falta de pormenores sobre as medidas anunciadas bem como a o facto de Passos Coelho não ter feito qualquer referência à elevada taxa de desemprego que atinge o País.
"Esta declaração é mais uma daquelas em que o senhor primeiro-ministro nos surpreende com posições sem explicar como se concretiza, que universos são abrangidos e a partir de que altura", disse, referindo que foi feita "num tom em que parece que está tudo bem sem referir o drama das novas gerações e das antigas gerações que é o desemprego".
Lima Coelho diz que o país precisa de "alguém que seja sério e que fale seriamente e com todas as pessoas".
O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas considerou que o pacote do Governo inclui "medidas que foram tomadas antes e que agora são agravadas com outros métodos e com resultados que tudo leva a crer serão os mesmos".
Os resultados podem "matar o doente com a cura que lhe é oferecida", acrescentou.
Pedro Passos Coelho anunciou hoje numa declaração ao País um pacote de medidas que vão poupar nas despesas do Estado 4,8 mil milhões de euros, até 2015, que inclui o aumento do horário de trabalho da função publica das 35 para as 40 horas, a redução de 30 mil funcionários públicos e o aumento da idade da reforma para os 66 anos de idade, entre outras medidas.
O Governo pretende também criar uma contribuição sobre as pensões e prevê o aumento das contribuições para os subsistemas de saúde dos trabalhadores do Estado (nomeadamente a ADSE) em 0,75 pontos percentuais, já este ano e 0,25 % no início de 2014.
O primeiro-ministro anunciou ainda que o Governo pretende limitar a permanência no sistema de mobilidade especial a 18 meses e eliminar os regimes de bonificação de tempo de serviço para efeitos de acesso à reforma.