<p>O Ministério Público vai ouvir Dias Loureiro no âmbito do processo Banco Português de Negócios, avançou o jornal "Público". O ex-accionista do banco será ouvido "em respeito pelos direitos da personalidade dos cidadãos".</p>
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Foi desta forma que o procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, em despacho já enviado à directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida, justificou a audição do ex-gestor do BPN e da Sociedade Lusa de Negócios (SLN): "Em respeito pelos direitos da personalidade dos cidadãos", ou seja, pelo direito ao seu bom nome e imagem. O PGR esclareceu ainda que Dias Loureiro será ouvido "de acordo com as possibilidades actuais e desde que não haja prejuízo para a investigação".
Foi o próprio ex-ministro da Administração Interna de Cavaco Silva - e até à semana passada, também conselheiro de Estado - que, no passado dia 28, enviou uma carta ao PGR pedindo para ser ouvido. Curiosamente, nesse mesmo dia Pinto Monteiro assegurou aos jornalistas que não se justificava tal audição. Mudou, entretanto, de opinião.
Manuel Dias Loureiro, acusado de estar envolvido na burla que levou o Estado a nacionalizar o BPN para evitar a sua falência - a Caixa Geral de Depósitos já injectou mais de 2,5 mil milhões de euros naquele banco - renunciou ao cargo de conselheiro de Estado um dia depois de José de Oliveira Costa, ex-presidente do grupo SLN (que detinha o BPN), ter sido ouvido no Parlamento, no quadro da comissão de inquérito parlamentar à nacionalização e supervisão do banco.
Ao longo de oito horas de sessão, Oliveira Costa confirmou o envolvimento de Dias Loureiro em várias operações, nomeadamente as relacionadas com a compra e venda de duas empresas tecnológicas de Porto Rico: a Biometrics, que estava falida, e a Newtech, que não chegou a iniciar actividade, custaram ao BPN 36,4 milhões de dólares e não foram registadas. O ex-presidente do BPN, detido preventivamente desde Novembro, considerou a transacção "ruinosa", acrescentando que afirmar que "se não fosse o raio da Biometrics hoje não estaríamos aqui."
Se Oliveira e Costa garante que foi Dias Loureiro quem lhe apresentou o negócio de Porto Rico, tendo mesmo exercido pressão para que o aceitasse, o homem que já foi o braço direito de Cavaco Silva continua a apregoar a sua inocência. "Não tive nada a ver com o negócio, não fiz pagamentos, não sei como são os pagamentos", garantiu à comissão quando foi pela primeira vez ouvido.