O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ouviu na quinta-feira à noite críticas de militantes do PSD numa conferência em que citou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, para ilustrar a importância do regresso aos mercados.
Corpo do artigo
Depois de uma intervenção inicial, Vítor Gaspar respondeu a perguntas de militantes do PSD nas "segundas jornadas da consolidação, crescimento e coesão", num hotel de Lisboa, à porta do qual estiveram concentrados manifestantes que entoaram "Grândola, vila morena" e exibiram uma faixa em que se lia "Fora, Passos" e "Fora, Portas".
O ministro de Estado e das Finanças foi questionado por um militante do PSD sobre a carga fiscal e por outro sobre o que considerou ser "o abismo" de uma "população desempregada de um milhão e meio de pessoas"
Houve três rondas de perguntas, dirigidas também à secretária de Estado da Ciência e ao vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva, tendo ocorrido na primeira ronda as perguntas mais críticas.
"Quer que a panela de pressão estoire a qualquer momento?", questionou o militante Miguel Couto, o mais crítico, que acabaria por abandonar a sala no período de respostas.
Vítor Gaspar falou da "credibilidade" conquistada pelo país e a diferença na perceção externa: "Estávamos associados à Grécia, agora estamos associados à Irlanda", disse.
O ministro enquadrava assim o regresso aos mercados, citando Paulo Portas.
"Parafraseando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, foi no momento certo, com o mecanismo institucional correto e na companhia certa", disse.
Vítor Gaspar reconheceu que "Portugal é um país muito desigual", "demasiado desigual", considerando que isso está "associado a níveis muito baixos de confiança dos portugueses nas instituições do país".
Sobre o desemprego, referiu que, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), está na "ordem dos 923 mil desempregados", sendo que "os aspetos mais dramáticos" são o desemprego de longa duração e o desemprego jovem.
Vítor Gaspar disse que o emprego não se cria "por decreto" e que a "prioridade" do Governo é "criar condições para a recuperação do investimento", nomeadamente no setor transacionável e exportador, "restabelecendo confiança e credibilidade".
O ministro abandonou a conferência sem prestar declarações aos jornalistas, abandonando o hotel de carro através da garagem, enquanto manifestantes que ainda se concentravam junto à unidade hoteleira gritaram "gatunos" à passagem do carro do governante.