A quase ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, foi saudada por quase todos os oradores de peso: seus antecessores ou com ambição de lhe suceder.
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Num discurso sobretudo económico, a presidente social-democrata vestiu a "casaca" de antiga ministra das Finanças e zurziu de uma ponta à outra nos erros do governo que explicam a actual situação financeira do país. Que, segundo disse, "era previsível e era evitável". "Passada a glória dos anúncios e das inaugurações ficará uma enorme factura a pagar pelos cidadãos", referiu.
O mesmo diagnóstico, lembrou, tinha sido traçado há exactamente dois anos no congresso de Guimarães, quando assumiu a liderança do PSD. "Propaganda e promessas delirantes provocaram uma espécie de névoa sobre a realidade", disse, acrescentando que são já poucos os que acreditam neste executivo.
Tudo o que foi previsto pelo PSD em matéria de restrições financeiras é agora confirmado pelo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC): "Hoje é tempo de pagar a factura".
Manuela Ferreira Leite adiantou ainda que, se até 2013 os portugueses enfrentarão muitas dificuldades, a perspectiva é que os anos seguintes não sejam melhores.
O "desespero" leva o Governo a aumentar os impostos para 3,5 milhões de portugueses e a ter a "desfaçatez" de afirmar que não o faz. "Agora os portugueses têm de gerir a desilusão", assinalou.
"Nunca quiseram ouvir os nossos avisos e agora reclamam o nosso consenso", disse, adiantando que as medidas de austeridade só são necessárias devido à "má governação" dos socialistas.
Embora o PSD não perfilhe o PEC, em nome do "interesse nacional" e da imagem do país nos mercados externos, a líder deu a entender que não irá votar contra o documento.