A deputada de "Os Verdes" Heloísa Apolónia desafiou, esta quarta-feira, o primeiro-ministro, Passos Coelho, a passar a fiscalização das secretas para a Assembleia da República, envolvendo todos os grupos parlamentares e atribuindo um "papel fulcral" à presidente Assunção Esteves.
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A questão foi colocada a Passos Coelho durante o debate quinzenal no Parlamento, dedicado ao tema dos serviços de informação, mas o primeiro-ministro não respondeu se tenciona mudar a fiscalização das secretas.
"Não é altura de a senhora presidente da Assembleia da República assumir um papel fulcral nessa fiscalização e todos os grupos parlamentares? Ou há medo que se descubra alguma coisa?", perguntou Heloísa Apolónia, sublinhando que no atual conselho de fiscalização só estão representados PS e PSD.
Heloísa Apolónia afirmou que "não é possível tolerar a promiscuidade entre serviços de informação, poder político e económico".
"Os portugueses não podem pagar impostos para estes servicinhos", defendeu.
O primeiro-ministro respondeu não querer acompanhar a deputada "nesses exercícios", "apesar de parecer apetitoso usar referências vagas" e, num "somatório de insinuações vagas" deixar "o aspeto que algo não está bem".
"Não há nenhuma promiscuidade entre o Governo e os poderes económicos", declarou.
Passos Coelho recusou ainda responder a Heloísa Apolónia sobre os motivos da demissão do adjunto de Miguel Relvas, o ex-jornalista Adelino Cunha, na semana passada, argumentando que a carta de demissão foi "pública" e o que o ministro dos Assuntos Parlamentares "não deixará de dar as explicações que são necessárias".
Miguel Relvas será ouvido pelas 17.30 horas desta quarta-feira na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.