O director da Ilga Portugal afirmou hoje que a parentalidade na união de pessoas do mesmo sexo é "separada" da conjugalidade, não envolve só a adopção e "nunca seria resolvida hoje", mesmo que fosse aprovada pelo parlamento.
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Frente à Assembleia da República, onde cerca de 15 pessoas ligadas à associação se começaram a juntar pelas 08:30, para poderem entrar e assistir juntos ao debate sobre o casamento homossexual, que teve início às 10:00, o director da Ilga Portugal, Paulo Corte Real, salientou que a aprovação do diploma do Governo que permite esta união é um "passo fundamental" para a "igualdade na conjugalidade" entre pessoas do mesmo sexo.
A esquerda parlamentar aprova hoje o diploma do Governo para permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e "chumbará" a proposta de referendo, contida na petição subscrita por mais de 90.000 cidadãos.
A proposta de lei do Governo, que exclui a possibilidade de adopção por casais homossexuais, será apresentada pelo primeiro-ministro e secretário-geral do PS, José Sócrates.
"É a primeira vez que há este igual reconhecimento da conjugalidade", realçou Paulo Corte Real, o que significa que a "dignidade" da união entre pessoas do mesmo sexo é "reconhecida pelo Estado", acrescentou.
"Um marco histórico", tendo em conta que até 1982, o "Estado português criminalizava a união entre pessoas do mesmo sexo", lembrou.
Quanto à permissão da adopção por casais do mesmo sexo, Paulo Corte Real "preferia que fosse aprovada", mas - sublinhou - "a questão é separada": casamento não implica parentalidade".
Para depois da votação está previsto um "brinde/protesto", que será dinamizado pelos dois casais que há pouco mais de um ano encenaram um casamento no mesmo lugar (Assembleia da República).
A acção contará com o apoio e a presença de "um conjunto de activistas de diversas organizações e cidadãos e cidadãs (incluindo o casal de mulheres que foi o rosto da luta pelo direito ao casamento, Teresa Pires e Helena Paixão)".