O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acusou, esta sexta-feira, a oposição de estar "zangada" e "desesperada" com o sucesso do país e do Governo no cumprimento do programa de assistência financeira.
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Em resposta a uma intervenção do líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, no debate quinzenal com o Governo na Assembleia da República, Passos Coelho apontou como exemplo recente a exigência feita pela oposição relativamente à divulgação da carta de compromissos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"A oposição está zangada porque não só não ajudou como fez o que esteve ao seu alcance para que estes resultados não fossem alcançados. E quando ouvem a verdade não gostam e fazem barulho. Fazem barulho no parlamento, fora dele e acham que por fazerem muito barulho os portugueses os ouvem melhor e deixam de nos ouvir", disse.
E acrescentou: "Agora que atingimos uma situação de maior conforto e credibilidade para poder prosseguir, não em recessão, mas em crescimento, está a oposição desesperada. E então o que pede a oposição? Que a gente revele a carta que vai mandar para o FMI, sabendo que é das regras do FMI que essas cartas são divulgadas a seguir à avaliação que o fundo faz na reunião do seu "board". Sempre foi assim e será assim", disse.
"Nunca se preocuparam com nenhuma das cartas anteriores, porquê agora ? (...) Pedem aquilo que sabe que o governo não pode dar. É fácil fazer política assim", questionou.
Na sua intervenção, Passos Coelho ironizou, lembrando os "incendiários no espaço público" e os que, "com preocupação de ajudar o país", vieram defender "em vésperas do fecho do programa a reestruturação da dívida e a renegociação dos acordos de dívida".
"O PS disse isto de uma forma enviesada, que isto só dá certo se a Europa nos perdoar uma parte da dívida, se conseguir meter parte da nossa dívida num fundo mutualizado (...) os partidos ainda mais à esquerda nem sequer tiveram esta 'nuance' e disseram simplesmente: "Isto não é pagável". Foi o contributo que a oposição deu para que Portugal pudesse regressar aos mercados", observou.
Passos criticou ainda a contradição no discurso da oposição, "agora que se aproximam eleições europeias".
"É uma coisa que nunca vi: a oposição acusa o Governo de condenar o país à austeridade e ao mesmo tempo de ser populista e demagógico (...) de um lado acusam-nos de não remover as medidas, do outro que estamos a prometer o céu e a terra. Ao desespero que o debate público promovido pela oposição chegou", apontou.
No mesmo sentido, o líder parlamentar do CDS-PP fez uma revisitação ao passado, desde o momento em que há três anos o país foi "obrigado a pedir dinheiro emprestado para pagar salários e pensões", lembrando os que "primeiro diziam que Portugal não tinha nenhum problema (...) depois diziam que Portugal e o Governo não iam cumprir o programa, depois que era inevitável um segundo resgate e depois que íamos sair com um programa cautelar".
"Enganaram-se sempre e em tudo, falharam sobretudo na crença na capacidade dos portugueses. E por isso estão hoje tão zangados com o país e parecem até amargurados com os portugueses. Ficaram sem discurso e procuram por puro oportunismo e eleitoralismo lançar a confusão", disse.