O primeiro-ministro admitiu numa entrevista ao jornal alemão "Die Welt" que Portugal pode não regressar aos mercados em 2013 e lembrou que se for necessário está garantida a ajuda financeira do FMI e da UE.
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"Eu não sei se Portugal regressará aos mercados em setembro de 2013 ou mais tarde. Naturalmente que eu quero isso mas, se por qualquer razão que não tenha a ver com a aplicação do programa, isso não funcionar, então o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) manterão a ajuda a Portugal. Já deram garantias disso", disse Pedro Passos Coelho.
Na entrevista publicada esta sábado, o chefe do Governo português defendeu que "não é claro que isso possa significar um segundo plano de ajudas".
"Eu não vejo motivos para que isso aconteça, mas é claro que desde a cimeira europeia de julho de 2011 há uma garantia de ajuda desde que os programas sejam implementados com sucesso", afirmou.
O jornal refere que "Passos Coelho não tem um trabalho invejável porque tem de impor a austeridade mais dura desde o fim da ditadura, quase há 40 anos. O seu Governo tem ido mesmo além das imposições da troika mas, até agora, com maus resultados: a economia contrai 3,3% em 2012 e o desemprego está a nível recorde".
Passos Coelho garantiu ao jornalista "fazer todo o possível para aplicar o programa com êxito e reconquistar a confiança dos mercados".
Sublinhando que "o importante é preparar o país para a recuperação económica", Passos Coelho destacou que o Governo está a "cumprir todas as tarefas nesse sentido": "controlamos melhor as nossas despesas, reduzimos o défice da balança comercial, ajudamos a economia a financiar-se e impulsionámos reformas estruturais para que haja mais competitividade".
"Se cumprirmos o programa, estaremos melhor do que agora e isso é importante", acrescentou.
Referindo-se ao "ruído" criado "em redor de Portugal" quando foi debatida a situação na Grécia, o primeiro-ministro lamentou que existam "muitos preconceitos" para com o país.
"Há muitos preconceitos, no entanto, a nossa dívida pública, segundo o FMI, é melhor do que a da Irlanda ou a da Itália, o que pouca gente sabe", afirmou.
O chefe do Governo frisou ao jornal alemão que "a sustentabilidade da dívida pública portuguesa está garantida".
O primeiro-ministro defendeu que o país está "no rumo certo", sublinhou que "poupar não é um círculo vicioso" e disse que as medidas tomadas são "consequência do desequilíbrio construído desde 1995".
"O nosso défice estava em 2009 e 2010 nos 10%. Em 2011 já tinha descido para 6,4%, o que significa que corrigimos os desequilíbrios. Não é possível fazer tais adaptações sem poupanças", afirmou.
Questionado sobre a atuação do PS, Passos Coelho disse que os socialistas "naturalmente que querem agora outros caminhos de aplicação do programa, com mais impulsos ao crescimento e menos poupança".
O chefe do Governo disse ainda que os portugueses "compreendem porque é que o Governo faz isto tudo e não responsabilizam ninguém no exterior por esta situação".
"Naturalmente que não gostam das consequências, mas dão o seu apoio", acrescentou.
Negando que Portugal esteja a criar uma "geração perdida", o primeiro-ministro admitiu que os jovens "estão a pagar um preço alto", mas disse estar certo de que "serão os primeiros a beneficiar com a recuperação de Portugal".