O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje, quarta-feira, em Setúbal que Portugal está "no limiar da insustentabilidade" da dívida externa e da capacidade de mobilizar recursos para fazer as reformas de que necessita.
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"Nós estamos hoje no limiar da insustentabilidade da nossa dívida externa e da nossa capacidade para drenar recursos para as reformas internas que precisamos de fazer, pelo que, todas as decisões que forem tomadas têm de ser muito bem avaliadas, muito bem explicadas e têm de nos parecer simples de executar", declarou.
"Com estes critérios eu estou convencido de que nós conseguiremos, numa legislatura, em duas legislaturas, vencer algum atraso e corrigir políticas deficientes que fomos trilhando nestes anos. Se nos escapar este pragmatismo e esta simplicidade, nós vamo-nos embrulhar em questões difíceis para as quais nunca vamos conseguir uma resposta justa", acrescentou.
Pedro Passos Coelho falava na conferência sobre "Carreira Docente: Realidades e Contradições" na Educação, promovida pela 'Plataforma de Reflexão Estratégica, Construir Ideias', que teve como principal orador o professor Nuno Crato, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática.
Nuno Crato defendeu, entre outros aspectos, que o Ministério da Educação deveria preocupar-se mais em "estabelecer metas de aprendizagem" e verificar o cumprimento dos objectivos, do que em controlar os processos lectivos dos professores.
Mais exames para uma avaliação séria dos alunos, de forma a aumentar o grau de exigência, e mais autoridade para os professores foram outras ideias defendidas por Nuno Crato, que agradaram ao líder do PSD.
"Aquilo que foi dito, de algum modo, como metodologia, poderia ser aplicado em várias áreas onde as pessoas não sabem como resolver os problemas, como na área económica e na área financeira: ser exigente na avaliação, ter mecanismos na avaliação que toda a gente perceba, que sejam a sério e não a fingir, que avaliem realmente", disse.
Simplicidade é também o que tem faltado, na opinião de Pedro Passos Coelho, na introdução das portagens nas denominadas autoestradas SCUT (sem custos para os utilizadores).
"Nunca haverá um sistema justo para as portagens que vão ser colocadas, porque elas foram feitas sem nenhuma preocupação com essa justiça", sustentou o líder social democrata.
"É muito difícil corrigir em justiça aquilo que já nasceu sem ela, que nasceu demasiado torto. De cada vez que vem uma proposta nova é mais uma complicação que a gente não entende, temos de fazer contas concelho a concelho. E ainda não descemos às freguesias. Ainda não se lembraram das freguesias", acrescentou, com ironia, o presidente do PSD.