O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou, esta sexta-feira, que não apoiará a iniciativa do novo governo grego para a realização de uma conferência europeia para a renegociação da dívida, depois de confrontado pela porta-voz do BE, Catarina Martins.
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"Não estarei do lado de nenhuma conferência que seja para perdoar a dívida ou reestruturar a dívida à custa dos povos europeus, isso é claro, muito claro", respondeu o chefe do Governo português.
As afirmações de Pedro Passos Coelho foram proferidas durante o debate quinzenal, na Assembleia da República.
"Quanto mais não seja até por solidariedade interpartidária devo-lhe dar os parabéns pelos resultados das eleições na Grécia, o partido congénere do BE ganhou essas eleições, portanto eu percebo que ainda esteja entusiasmada com esse resultado e que tenha embalado a sua intervenção com algumas das propostas que o partido congénere na Grécia tem vindo a apresentar", afirmou o primeiro-ministro.
Neste contexto, Passos disse não subscrever as propostas do Syriza e advertiu para as consequências de pôr em causa "o esforço bem sucedido" feito pelos países do sul da Europa propondo uma renegociação da dívida.
"Esses países sabem que têm um 'stock' da dívida grande mas sustentável, sabem quanto lhes custou a circunstância de ter de pedir emprestado de forma extraordinária e negociar em condições muito difíceis programas que são muito difíceis. Esses países não querem voltar a passar por esse processo, eu não quero voltar a passar por esse processo e não acredito que os portugueses queiram voltar por esse processo", afirmou.
Antes, a porta-voz do BE, Catarina Martins, tinha defendido que a vitória do Syriza na Grécia abre "uma porta nova na Europa" e reforça as condições para uma renegociação da dívida, "tal como a Alemanha teve direito a seguir à II Guerra Mundial".
"O senhor vai ser confrontado no Conselho Europeu, a ministra das Finanças vai ser confrontada no Eurogrupo, com um governo, o governo do Syriza na Grécia, que vai propor uma conferência europeia para renegociação da dívida (...). Quando o tema for levantado vai estar do lado de quem quer renegociar as dívidas, de quem quer essa conferência europeia ou vai estar do lado da especulação financeira e de submeter o país a mais sofrimento?", interrogou.