O presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, sustentou, sábado à noite, que medidas como os cortes nas pensões da função pública são decisivas para Portugal evitar um novo pedido de ajuda externa.
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"Não é uma teimosia minha com os salários da função pública, não é uma teimosia minha com as pensões dos pensionistas do Estado, não é uma teimosia minha que todas as medidas que constam do acordo que nós firmámos possam ser cumpridas. Essa é a diferença entre fecharmos este programa de assistência ou podermos ter de pedir um outro programa", afirmou Pedro Passos Coelho, durante um jantar de campanha do PSD para as eleições autárquicas, em Alcanena.
Em seguida, o presidente do PSD perguntou se "algum dos senhores em Portugal, nesta sala ou em qualquer outra, desejaria que esse fosse o nosso resultado, o de ter de pedir novamente ajuda externa", acrescentando: "Eu não acredito, e não acredito porque as pessoas sabem que, se isso acontecesse, ninguém nos emprestaria dinheiro se nós não cumpríssemos aquilo a que já nos comprometemos".
Pedro Passos Coelho reclamou que Portugal não tem "resultados muito diferentes daqueles que são hoje apresentados pela Irlanda", e assinalou a diferença entre as metas do défice e entre os juros da dívida dos dois países.
"Ainda em maio deste ano os nossos juros a dez anos estavam quase a baixar a fasquia dos cinco por cento. Isso dava-nos uma perspetiva boa de fechar o atual processo de ajuda económica e financeira e de poder, com uma ajuda europeia, transitar para mercado e fechar este programa de assistência. Mas quero dizer-vos que com juros como sete por cento como temos tido, é mais difícil", declarou.
O presidente do PSD e primeiro-ministro alegou que o nível dos juros da dívida pública portuguesa a dez anos se explica, "em primeiro lugar", a "algum preconceito" dos mercados em relação a Portugal, que "tem uma razão de ser".
"Aqueles que chegam sempre atrasados, por melhores que sejam as razões que tenham, geram sempre em quem espera o mesmo sentimento: se chegaste sempre atrasado, atrasado continuarás a chegar. Ora, nós não nos podemos atrasar", defendeu.
"Como não nos podemos atrasar temos de mostrar a todos que estamos completamente comprometidos com a meta que traçámos, mesmo sabendo que essas metas foram várias vezes muito mais exigentes do que aquelas que eram exigidas a outros", acrescentou.