Passos diz que dignidade dos portugueses nunca esteve em causa com ajustamento
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu, esta sexta-feira, que a dignidade de Portugal e dos portugueses nunca esteve em causa durante o processo de ajustamento, apesar de fazer um "balanço crítico do funcionamento institucional da troika".
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"A dignidade de Portugal nunca esteve em causa durante o processo de ajustamento e a dignidade dos portugueses também não. Tive oportunidade de o dizer diretamente ao presidente da Comissão Europeia. Nunca teríamos permitido que a dignidade dos portugueses fosse atingida e não foi atingida", afirmou Passos Coelho.
No debate quinzenal no parlamento, o chefe do Governo reagiu assim às declarações do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que afirmou que a troika "pecou contra a dignidade" de portugueses, gregos e também irlandeses, reiterando que é preciso rever o modelo e não repetir os mesmos erros.
Falando no período de resposta ao PSD, o primeiro-ministro quis, contudo, "sublinhar muito bem", apesar de não ser um facto novo, "o balanço crítico do funcionamento institucional da troika".
Passos Coelho afirmou que o executivo teve "várias divergências no plano institucional, mas também plano no plano substancial" com a troika, salvaguardando, que, apesar disso, "nunca a troika impôs uma solução a Portugal que não tivesse resultado de uma negociação com o Governo português", fosse com o atual ou com o anterior, do PS, aquele "que negociou o memorando" e "estabeleceu o mecanismo de 'reviews'".
"Nunca deixámos, perante o presidente da Comissão Europeia, o presidente do BCE [Banco Central Europeu], o presidente do Eurogrupo, a diretora-geral do FMI [Fundo Monetário Internacional], de expor os nossos pontos de vista e conseguir alterar matérias que eram politicamente relevantes e essenciais para o sucesso do programa", argumentou.
"Se o fizemos foi justamente porque também conseguimos conquistar credibilidade e confiança suficiente para alterar várias das condições que estavam contratualizadas, mas fizemo-lo sempre no quadro das condições que estavam assinadas entre Portugal, o Governo português de então, e as instituições internacionais", sublinhou.
Assumindo divergências, Passos Coelho lembrou o ex-ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar que, "a propósito de declarações proferidas pela diretora geral do FMI a propósito da situação portuguesa, referiu-se-lhes como sendo reveladoras da hipocrisia institucional que reinava em algumas das instituições da troika".
O primeiro-ministro afirmou que, apesar, de "muitas divergências" e "muitas dificuldades" enfrentadas, o Governo nunca deixou de apresentar às instituições as suas posições.
"Ao presidente do Eurogrupo, que é o atual presidente da Comissão, ao presidente da Comissão, ao presidente do Banco Central Europeu, à diretora- geral do FMI, com todos tivemos relações diretas no plano político e institucional e tivemos sempre o cuidado, mesmo atendendo às dificuldades desta relação institucional ao nível dos altos funcionários da 'troika', de nunca iniciar um 'review' em Portugal sem antes e depois tratar com as instituições políticas e os seus altos representantes a quem a troika prestava contas", afirmou.