O primeiro-ministro questionou, esta quarta-feira, onde estava o coração e a sensibilidade social do atual líder do PS durante os governos de José Sócrates, enquanto o secretário-geral socialista considerou que Passos Coelho está preocupado consigo.
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O décimo "frente-a-frente" entre Pedro Passos Coelho e António José Seguro, num debate quinzenal na Assembleia da República, foi talvez um dos mais duros.
Seguro explorou os temas do desemprego e da recessão económica para advogar que o atual líder do executivo é o primeiro-ministro com menor sensibilidade social de sempre.
"Para o senhor primeiro-ministro, um desempregado é um número, uma estatística. Para nós, o desempregado é uma pessoa que vive um drama pessoal. É altura de assumir a responsabilidade da sua política, ou então diga que não estava preparado para governar Portugal nas circunstâncias em que estamos", declarou o secretário-geral do PS.
Passos Coelho usou depois palavras duras para responder a Seguro, defendendo que "as políticas de austeridade não são a causa do desemprego em Portugal, mas sim a consequência da irresponsabilidade política de vários anos."
"A sua falta de memória entre o que se passou e a situação que estamos a viver deveria preocupar o próprio PS. O senhor deputado [António José Seguro] está a iniciar um caminho de demagogia fácil que, sinceramente, não creio que seja aquele que se espera do PS", considerou, antes de se referir à herança económica e financeira dos governos liderados por José Sócrates.
Segundo o primeiro-ministro, nas previsões do anterior Governo já constava uma evolução para a existência de mais recessão e mais desemprego.
"Mas onde estava o coração do senhor deputado [António José Seguro] nessa altura e onde estava a sua sensibilidade social?", disse recebendo uma prolongada salva de palmas das bancadas do PSD e do CDS.
Pedro Passos Coelho foi ainda mais longe no sentido de traçar uma linha de demarcação face ao líder do PS. "Se a sua sensibilidade social é equivalente à bancarrota em Portugal, ainda bem que não padeço desse mal", afirmou, motivando palmas nas bancadas social-democrata e democrata-cristã.
Perante as palavras do primeiro-ministro, Seguro respondeu e tirou uma conclusão. "Há uma coisa que todo o hemiciclo e todo o país notou. O senhor [primeiro-ministro] está preocupado comigo", sustentou.