O secretário-geral do PCP garantiu hoje, terça-feira, que o partido não está interessado numa crise política, mas acusou o Governo de estar a fazer "uma ameaça e uma chantagem" em torno da viabilização do Orçamento de Estado para 2011.
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"Reafirmamos que o PCP não está interessado numa crise política, mas numa mudança de políticas", afirmou o secretário geral comunista, Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas à saída da audiência com o Presidente da República.
Interrogado sobre a possibilidade de o Governo se demitir caso o Orçamento de Estado para 2011 seja 'chumbado' no Parlamento, Jerónimo de Sousa desdramatizou a questão, considerando que a aparente crise política "vai ser ultrapassado por um entendimento à direita".
Jerónimo de Sousa deixou, contudo, duras críticas ao executivo socialista, classificando a sua atitude como "uma ameaça" e uma "chantagem".
"Aquilo que o Governo está a fazer é de facto uma operação, uma ameaça e uma chantagem visando ter o Orçamento viabilizado", sublinhou, insistindo que se está "a dramatizar muito".
Interrogado sobre a disponibilidade dos comunistas para negociar o Orçamento de Estado para 2011, o secretário geral do PCP assegurou que o partido irá apresentar propostas durante a discussão do documento, nomeadamente no plano fiscal, mas lembrou que foi o PS que procurou apenas negociar com um único partido.
"Há um ponto de partida incontornável. O PS e o Governo procuraram negociar com um partido e não negociar ou colocar numa posição de diálogo designadamente na Assembleia da República com todos os partidos com expressão parlamentar", sublinhou, considerando que "há erro de partida, que não é da responsabilidade do PCP".
O Presidente da República começou esta manhã a ouvir os partidos com representação parlamentar sobre a situação económica, política e social do país, numa altura em que faltam menos de duas semanas para a apresentação do Orçamento de Estado para 2011.
Antes do PCP, Cavaco Silva recebeu uma delegação do partido ecologista Os Verdes e irá ainda ter um encontro com o Bloco de Esquerda.
Quarta feira de manhã, o Presidente da República terá audiências com o CDS-PP, PSD e PS.