Jerónimo de Sousa acusou, esta quinta-feira, o Governo de impor um "recolher obrigatório" às populações com a redução generalizada da oferta de transportes na Grande Lisboa, impedindo a circulação a quem trabalha fora do horário diurno.
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"Tudo somado, isto significa quase a imposição de um recolher obrigatório com consequências dramáticas particularmente para quem tem trabalho nocturno, trabalhadores da limpeza, trabalhadores ligados à segurança, trabalhadores que trabalham em piquetes", afirmou Jerónimo de Sousa.
Numa declaração na estação de metro da Baixa-Chiado, em Lisboa, o líder comunista sublinhou que muitas pessoas sem transporte próprio vão deixar de conseguir deslocar-se "a não ser de táxi, com todos os custos que daí decorrem".
Em causa está um conjunto de medidas nos transportes que passam pelo encerramento da circulação em toda a rede do metro às 23.00 horas, o encerramento às 21.00 horas entre o Colégio Militar e Amadora e entre Campo Grande e Odivelas, a supressão de 23 carreiras da Carris, o encurtamento do 16, a redução da oferta em mais 23, e a supressão de todo o serviço nocturno.
O encerramento total das ligações fluviais ao Porto Brandão, Trafaria, Seixal e ao Montijo no fim de semana e uma redução geral dos restantes horários, a redução da oferta da CP, com especial incidência fora das horas de ponta e o desaparecimento de títulos de passe próprios da Carris e do Metro, são outras medidas contempladas.
Segundo Jerónimo de Sousa, trata-se de medidas que vão exigir "uma grande determinação e luta dos trabalhadores e dos utentes".
Além deste "brutal ataque aos utentes", decorre em simultâneo, "um ataque aos trabalhadores e aos seus direitos, particularmente nos seus salários, no plano da contratação colectiva, como é o caso do Metropolitano", afirmou o secretário-geral do PCP.
Jerónimo de Sousa acusou o Estado de ter "obrigado estas empresas a recorrer à banca com juros altíssimos", o que hoje está reflectido na situação financeira do sector. "Este Governo e outros anteriores estão a fazer mesmo que Jardim fez com a dívida na Madeira, que encobriu essa mesma dívida nas empresas públicas, aumentando assim o défice", acusou.
Para o secretário-geral comunista, com estas medidas o Governo pretende promover "o objectivo central" de "limpar no plano dos direitos e da divida para entregar mais tarde ao capital privado".
Jerónimo de Sousa defende, por outro lado, o "saneamento financeiro destas empresas" de forma a "garantir os interesses dos utentes e salvaguardar os trabalhadores", referindo que no Porto estão em causa problemas idênticos.