O líder parlamentar do PCP sublinhou, esta quinta-feira, que a resolução que os comunistas apresentaram no Parlamento a favor da demissão do Governo é "um ato político pleno de conteúdo" que "dá voz ao sentir de milhares de portugueses".
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"Esta interpelação é uma verdadeira censura sem moção. É um ato político pleno de conteúdo. Se a resolução for aprovada certamente ninguém nega que o Governo deixa de ter condições políticas para continuar", afirmou o líder da bancada comunista, no encerramento da interpelação ao Governo agendada pelo PCP sobre "a situação nacional, a urgência da demissão do Governo e da rejeição do Pacto de Agressão; Por uma política alternativa para o progresso do País".
Numa intervenção que acabou por ser uma resposta à intervenção ao deputado socialista Jorge Lacão, que durante o debate criticou o facto do PCP apresentar uma moção de censura "envergonhada", Bernardino Soares explicitou que a resolução que acompanha a interpelação não visa fazer uma recomendação ao Governo, "visa sim obter um pronunciamento político da Assembleia da República, no sentido da demissão do Governo".
"O contributo do PS para este debate foi um incidente parlamentar. O PS critica o Governo pelos resultados da sua política, mas afinal pelos vistos não quer a sua demissão, quer que ele continue. Diz que é a hora da mudança, mas nós perguntamos: como é que há mudança sem a demissão do Governo?", questionou Bernardino Soares, dirigindo-se à bancada socialista, que já anunciou que irá votar contra a resolução do PCP a favor da demissão do Governo.
Bernardino Soares notou ainda que a resolução apresentada pelos comunistas "dá voz ao sentir de milhares de portugueses", desafiando o Governo a ouvir "o que o povo lhe diz".
"Se ainda houver no Governo algum resto de dignidade política, demita-se e devolva ao povo português a decisão sobre o seu futuro", desafiou o deputado comunista.
A resolução do PCP será votada na sexta-feira, mas tem já o chumbo garantindo, com os votos contra da maioria parlamentar PSD/CDS-PP e do PS.