O secretário-geral do PCP exigiu esta segunda-feira ao Governo que concretize o direito constitucional de informação sobre as negociações com a "troika" europeia e acusou PS, PSD e CDS de estarem "unidos na venda do país".
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A posição de Jerónimo de Sousa foi assumida na apresentação da lista de candidatos a deputados da CDU pelo círculo eleitoral de Lisboa, sessão que encheu a Casa do Alentejo.
"O PCP exige ao Governo que seja concretizado o direito de informação que constitucionalmente lhe é devido e é devido ao povo português, sobre quais são as necessidades de facto de financiamento do Estado a curto, a médio e a longo prazo, sobre qual é o montante da dívida externa, qual a parte que é pública (a menor) e a que é privada (a maior), qual a origem da dívida, a quem se deve, quais são os montantes, os prazos e as taxas de juro", especificou o líder comunista.
Ainda neste contexto, Jerónimo de Sousa exigiu ao Governo saber "a quem se destinam as volumosas verbas associadas à intervenção externa do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia, qual a componente que se destina ao pagamento aos credores estrangeiros, qual o montante previsto para entregar à banca e aos grupos económicos nacionais, quais os custos - no plano dos juros e da cedência de recurso de activos do país - que estão associados a esta operação".
"Até ao momento o Governo não informou nem o PCP nem o país sobre quais são as necessidades de facto de financiamento do Estado a curto, médio e a longo prazo. Até ao momento o Governo não divulgou que esforços é que efectivamente foram feitos, que contactos ou iniciativas é que foram realizadas junto de outros países para que se garantissem formas de financiamento diversificadas e alternativas à voragem dos ditos mercados financeiros que acumulam milhões à custa do declínio do país, ou se pura e simplesmente têm estado a atirar o país para o vampirismo do sector financeiro", protestou Jerónimo de Sousa.
Na sua intervenção, o secretário-geral do PCP criticou duramente o Governo, assim como o PSD e CDS, pelo seu envolvimento nas negociações com a "troika" europeia, considerando que o país "não precisava de estar sujeito a esta ameaça e humilhação".
"À medida que os dias avançam melhor se percebe e compreende que a dita negociação da troika não passa de uma farsa para encobrir o caderno de encargos há muito definido pelo capital. Uma farsa que funciona simultaneamente como um biombo para que PS, PSD e CDS tentem esconder o verdadeiro programa eleitoral que se propõe concretizar de braço dado com a União Europeia e FMI", criticou o secretário-geral do PCP.
Nas eleições de 5 de Junho, segundo Jerónimo de Sousa, a escolha dos portugueses é clara: "Permitir que se prossiga pela mão de PS, PSD e CDS o rumo de afundamento que conduziu o país à atual situação ou agarrar a oportunidade de, com o voto na CDU, abrir caminho a uma rutura com a política de direita".
"PS, PSD e CDS estão unidos por um programa comum: Unidos na venda do país, unidos para favorecer a acumulação capitalista e os lucros dos grupos económicos e financeiros, unidos no programa de exploração e de empobrecimento dos trabalhadores e do povo", acrescentou.